“We are like roses that have never bothered to bloom when we should have bloomed and it is as if the sun has become disgusted with waiting”.

25
Mai 11


Sempre me conheci a escrever, sempre me conheci melhor pelo que escrevo.

Ora, vamos lá, ao ponto de situação.

Possivelmente, o Frankenstein apareceu na janela mas numa janela que só existia na minha cabeça… não podia ser ele ou então é uma besta e isso significa exactamente o mesmo.

O tema deste devaneio veio ter comigo em boa hora e, hoje, fiquei a olhar para o título uns bons minutos.

E a verdade é que, as quatro pessoas que sou, estão a mirrar, uma delas até vê uma teia de aranha num dos olhos, teia essa que foi responsável pela descida, a pique, novamente.

O senhor de barbas, nos braços do qual eu desfaleci, disse para fingir que não existia mas é assaz complicado para uma moça como eu. 

O senhor de barbas brincou comigo, fez-me sorrir.

Talvez, mais tarde, fale da teia que uma das minhas pessoas vê, ou talvez não.

O senhor de barbas fez-me lembrar outros senhores de barbas, por exemplo, o meu antigo professor de geometria descritiva, ambos cheios de livros nos anos que os compõem mas, também, cheios de palavras simples e olhos que vêem.

Gosto de senhores de barbas, fazem-me sentir junto de ti Supremo, fazem-me pequenina e comporto-me como tal, involuntariamente.

Essa minha pessoa prefere a escuridão mais do que nunca porque, a teia de aranha que lhe assusta a vista, esbate-se ao entardecer... a ironia.

Essa minha pessoa violou um dos seus mais sagrados adornos.

Hoje, olhou-se e já não sabe se está, do lado de cá ou do lado de lá, da linha vermelha.

A segunda pessoa de mim, aquela que usa a domino, assentiu que não gosta de ninguém mas como isto ainda agora acabou de ver a luz do dia, cobrindo-se ainda de sangue, tem de se esperar e limpar com cuidado, para não cair no erro de se usar de demasiada violência e, claro, apurar a metáfora.

A minha terceira, aquela que me acho, está preocupada com a perfeição do corpo e por isso dá passeios ao luar por entre constantes vislumbres do que poderá vir a segui-la.

A minha quarta pessoa, deve foder as contas ao diabo e foder as percepções aos que a querem navegar nos olhos.

Às vezes, é doloroso percebermos que nos distanciamos tanto, mas tanto dos outros, que eles deixam de falar a nossa língua.

Hoje, enquanto ia a correr com todas as minhas pessoas, senti uma tristeza do tamanho das coisas por medir e senti medo, medo misturado com saudade, saudade de não ter consciência daquilo que sou e daquilo que sonhei ser quando tinha tranças e meias de renda branca.

Ainda uso tranças mas nunca mais pude sonhar ser mais nada.

A dor de pensar, a puta da dor de pensar.

Curar as feridas com beleza e quão bela é esta composição, sangra beleza e sangra coisas simples, coisas humanas, coisas da dor de pensar:

      

And all that could have been


Breeze still carries the sound

Maybe I'll disappear
Tracks will fade in the snow
You won't find me here

Ice is starting to form
Ending what had begun
I am locked in my head
With what I've done
I know you tried to rescue me
Didn't let anyone get in
Left with a trace of all that was
And all that could have been

Please
Take this
And run far away
Far away from me
I am
Tainted
The two of us
Were never meant to be
All these
Pieces
And promises and left behinds
If only I could see
In my
Nothing
You were everything
Everything to me

Gone.. fading..
Everything...
And...
All that...
Could have been...
All that could have been. 

Please
Take this
And run far away
Far as you can see
I am
Tainted
And happiness and peace of mind
Were never meant for me
All these
Pieces
And promises and left behinds
If only I could see
In my
Nothing
You were everything
Everything to me

 

Letra da autoria de Trent Reznor/Lyrics written by Trent Reznor


publicado por Ligeia Noire às 01:38

29
Set 10


A fraca que cresce em hipocrisias

As sombras com dentes de luz sem carne para mastigar.

São costelas partidas em sangue coagulado

São sorrisos de puta e olhos de máscara veneziana.

Contempla devagar e crava os olhos em todos os lanhos, em todos os rasgões porque eu escapo-me e deixo-me ali, porque eu sou legião.

Porque eu sou o rato mirrado de patas calejadas.

Sei dos vossos olhos tenros que se fecham quando os julgam abertos.

Sei da travessia que tenho lapidada nas costas e do sal que trago nas unhas.

Sei quando o Supremo aviva as margens e me naufraga sem dimetiltriptamina.

O terror que se esconde nas minhas pálpebras, o suor que se cola, do pescoço às mãos, em cordas tensas.

Os dentes que rangem em estertores.

É o pesadelo do que me nasce sem possibilidade de aborto.

As sinapses que se revestem de úteros malditos e geram olhos de vidro, comboios siberianos, escadas industriais, medos feitos carne, sem rosto, dos quais me elevo e pairo numa queda constante e à qual regresso sempre e em doses absurdas.

Águas escuras e florestas que ficam ali, inexpressivas e abundantes.

Todos, todos.

Muitos e tamanhos e escondem-se dentro da minha cabeça e fazem ninhos e procriam e não consigo dormir e acordo e tremo e engulo o grito rasgado que delapida a garganta de tão descarnada.

E o dia trá-los, aos de fora, aos reais, aos que não metem medo, aos que se compõem de olhos virgens e peito cheio de furúnculos.

A esses... A esses dou-lhes olhos quádruplos e o espelho do festim de nevoeiro.

Na vigília há sempre velas acesas. 

publicado por Ligeia Noire às 00:30

08
Mar 10


Não tenho nada a que aspirar.

O peito transborda do que jamais encontrará receptáculo.

Só preciso de ficar sozinha e imaginar que adormeço sem precedentes.

A minha vida…

O que foi a minha vida?

Qual foi o propósito pelo qual me puseste cá?

Desiludi-te?

Queimei o caminho?

Não tenho ambição.

Não quero ser.

Nunca me falaste da morte em vida.

Nunca me disseste de onde veio toda esta tristeza.

Nunca me mostraste a cara.

Tu que estás, tu que és.

Tu que te desfazes em todos nós, não me deixas ir embora.

Colocas a navalha nas costas para que não possa deitar-me.

Dás-me dores que não consigo carregar.

Mas eu lembro-me bem de ter sonhado contigo.

Não sei se eras como nós, mas sei que tinhas mão e colo… e lembro-me do altar frio onde se achava a minha cabeça na qual a tua mão se depositou.

Não me lembro, ou talvez não me deixes lembrar, se falavas as minhas palavras mas sei que te entendi.

Sei que nesse sonho consegui ir-me.

E, uma vez ida, a tristeza cresceu e cresceu como se eu fosse feita de partidas.

Não me lembro de ter sentido leveza, ou liberdade.

Lembro-me de teres vindo da tua casa, que não é igual às casas, e me teres dito coisas sem palavras mas que o meu íntimo percebeu.

Lembro de me teres concedido o retorno.

Por que fizeste isso?

Esperavas que eu soubesse ser-me?

As palavras são rudimentares, parcas... e eu não me sei dizer o que tu me disseste.

Sei de ter acordado completamente avassalada com a tua presença.

É estranho ter o Supremo tão perto.

Podias ter deixado que eu me enrolasse no teu colo, só um bocadinho, somente um instante para saber o que é ser una.

publicado por Ligeia Noire às 23:07

18
Fev 10


Sonhei que descia uma escadaria, do género industrial, com duas pessoas desconhecidas.

Depois, já na subida, à medida que chegávamos a um patamar, este apresentava-se sob a forma de um alçapão e ia ficando imerso em água.

Tinha que subir a correr desenfreadamente.

Os últimos patamares estavam já completamente inundados e eu tinha de suster a respiração e submergir para emergir… quando cheguei ao final, só via uma enorme extensão de água, como se fosse um grande lençol.

Durante todo o percurso fazia noite (ou não havia sol, ou dia...) completamente breu!

Não havia nada.... nada... como se fosse o Génesis.... água e escuridão.

publicado por Ligeia Noire às 14:41
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07
Dez 07


Só porque nem sempre sei se quero sonhar-te.

Apenas porque nem sempre te posso sonhar.

Somente porque não posso sonhar eternamente.

Simplesmente porque a vida não é feita de sonhos.

publicado por Ligeia Noire às 11:45
etiquetas: ,

16
Nov 07


A suavidade envolvia-te e eu deleitava-me a contemplar a forma como falavas.

As palavras podem tocar-nos fisicamente, mesmo que não se possa tocar a fonte que lhes dá vida.

Misturei-me e lavei a alma com o que pronunciavas.

A noite foi caindo e amansando espíritos rebeldes:


- O meu;


- O teu;


- Os nossos.


Trazendo-os de volta à doçura com que os nossos olhares se envolviam.

És tu, sou eu, somos nós, que nos perdemos, que não nos cruzamos, que não nos conhecemos.

Sou eu, que não te tenho, que não te posso ver.

És tu, que estas longe, que perdes vida envolto num mundo que não me conhece, que eu não conheço.

Nós tão desconhecidos, tão impossíveis.

Mas nem sempre é assim, às vezes, tu deixas que eu te toque que eu me misture contigo que eu te tenha e te guarde e assim fico.

Não me apetece amar ninguém, porque ninguém existe.

Não me apetece submeter-me a ninguém, porque ninguém me desfalece, ninguém me eleva.

És portanto fantasia, doce letargia de substâncias desconhecidas.

És álcool que me inebria que me desarma e faz chorar.

Adoro o teu sabor, como adoro o teu sabor.

Que vício este que não quero findar que cheiro é este que não consigo perpetuar.

Como és belo, especial e sagrado, como me fazes viver nesta morte instalada.

 

publicado por Ligeia Noire às 16:10

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