“We are like roses that have never bothered to bloom when we should have bloomed and it is as if the sun has become disgusted with waiting”.

01
Set 13

 

Ainda não o ouvi, estou no Aenigma, ainda, eu sei.

Já o ouvi tantas vezes e não me canso, estes sim, são os In Vain do Latter Rain, tenho para mim que a forma melódica como entoam os refrães, por si só, faz milagres.

São verdadeiros cânticos dos cânticos e desculpem lá a associação religiosa que eu sei que detestam.

A fotografia da capa do Teethed Glory & Injury deixa-me fora de mim.

É àquilo que eu chamo sensualidade exacerbada.

Primeiramente porque é uma mulher e as mulheres são mais bonitas do que os homens, depois porque não há cores, depois porque os cabelos são senhores de si e por fim a forma ofertada como ela concebe o corpo aos deuses... as palmas das mãos viradas para cima... parece um casulo, não sei como explicar melhor.

A fotografia chama-me, tanto sexualmente, como em toda a pureza que me resta e a forma como estes irlandeses, agora terminados, falaram aquando do Mammal no ritual funério de lamento devotado ao morto, oiça-se para isso a canção: When The Sun Drowns In The Ocean, casa-se como oiro sobre azul com esta glória dentada e ferida.

Não consigo esquecer a parte do cabelo por pentear: The woman’s hair would be un-brushed and let hang down over the corpse to symbolize the disarray of death.

E, por falar em funerais, ontem fui à missa de sétimo dia e nem sei bem porquê, ao visitar a campa não senti nada e, na capela, só senti calor e dor nos pés por ter ficado de pé com saltos de centímetros demasiados para a ocasião mas eu sou demasiada em demasia e demasiada mesmo às colheres, perguntai ao cavaleiro, não é Supremo, perguntai-lhe.

Dizer que já sabia que estes rasgões se iam mostrar a qualquer altura pela estrada, seria desnecessário, dizer-te que gostam de gatos mas depois não sabem lidar com eles, seria duplamente desnecessário também porque tu sabes e, subsequentemente, sei-o eu também.

E dizer-eu- sabe-me pela vida, porque convocar o eu, é convocar uma entidade com ninho próprio.

Eu não gosto de coleiras, nem correntes, eu gosto da moça enclausurada em si mesma como se estivesse na cerimónia da luz do Luciferismo ou da forma como o corpo da modelo do Ghanem se parece com um animal quando este lhe veste o corpete negro que mais parece uma gaiola mas é isso, assim; não me obstruas o caminho porque eu não reajo bem a ataques infantis de vontades autoritárias.

Nunca deixei de ser a opositora, a rapariga de camisola negra até às unhas de olhos pelo meio do cabelo, pronta a golpear tentativas néscias de aproximação.

Não, não vou sair da elegância dos saltos altos negros, não tenho medo, tenho apenas pena que, talvez, a partir daqui seja sempre a descer mas, como bem sabes, o meu nome é falling e tenho o novo álbum dos NIN para degustar.

 

publicado por Ligeia Noire às 09:09
música: "Hymne Til Havet" dos In Vain

18
Ago 13

 

Estou ainda com os olhos mais ou menos nublados e, enquanto escrevo, vejo as minhas unhas vermelhas a acompanharem as letras... penso-me.

O vestido e os sapatos estão ao fundo da cama, a cesta ficou lá, vazia.

Continuo triste, continua a apetecer-me chorar, há muita tristeza aqui.

Lá longe oiço tambores, lá longe ficaram pétalas e olhares mumificados nas pedras onde calculava o tamanho dos meus sapatos, oiço Nhor, dos três, Nhor veio comigo para a gaveta.

Quanto mais os via radiantes: os prometidos, os meus amigos, os velhos, mais me caía nas costas a sôfrega vontade apertada de me desculpar e voltar à brisa nocturna e chorar as tripas e os gargalos de garrafas que já não me adulteram ou fazem normal.

Supremo, ai Supremo que tristeza desmedida, que cansaço de ser, que desvontade me aflige que já nem aos meus amigos broto meios sorrisos.

Todavia, não presumas a direcção da cerimónia por minhas palavras porque tudo correu como deveria correr.

As palavras, a impaciência e a beleza dela, as flores…

No livro escrevi apenas felicidades, não quis ser mais, felicidades foi o que escrevi.

E, de tudo, recordo dois amigos de antes, dois amigos que vieram de longe e me disseram que, mesmo em todo aquele vermelho, eu conseguia sempre ser-me e encontrar-me nos detalhes, a dos cabelos negros diz que eu lhe lembrava uma dama antiga, no meio da conversa da manhã que se prolongava sem rodeios, ainda me esforçava por ser a rapariga de antes, a que ria e recreava os outros, comprazi na mesma mas fui toda oca.

Quis voltar à cama mas, pensando bem, nem era bem à cama ou ao passado, mas à não-vida, não me sentia culpada ou errada, eram os que me rodeavam que não eram iguais, estavam forçados, distantes e crescidos e eu odiava-os naquele instante.

Vi o amigo da amiga, o daquela noite, durante a tarde vi-o e à noite voltei a vê-lo, ora ali, ora acolá, dançava com aquela e a aquela outra e a amiga fingia não se amofinar, estava divertido e entusiástico como sempre, odiava-o também.

Comi devagarinho, e o chocolate ali, que dispensei, porque passou a ser acto ritual.

Sabes, entristece-me sobretudo toda esta coisa de festa, toda esta, por vezes, encenação (que o tem de ser) em conflito com o dia de amanhã, acho que é esse o meu tormento, estou sempre no acabar, no depois, na nostalgia dos pratos com migalhas, nas fitas calcadas debaixo das mesas, nas flores secas, nos vestidos amarrotados, nas salas vazias, nas fotografias que não crescem e não mutam e por isso lhes invejamos e carpimos a perfeição.

Nos gestos efémeros do amigo da amiga que encontrámos nas traseiras, enquanto esperava que fumassem para tomar um café e lhe observava a cadência e o sorriso com que organizava a surpresa.

Foram folhas de fiteiro, garrafas, papel e outras malandrices com que ia enfeitando o carro, imagens que me iam chegando ao canto do olho direito.

Já havia luar e eu não havia nada, tudo ali se me oferecia se quisesse mas eu não queria nada, senão ser outra, confesso-te aqui e agora, ser outra sim.

Não sei, se sei bem dizer isto, se calhar até nem é bem isto que sinto mas por agora é assim que o pergaminho das despedidas me invade o coração, ser outra, uma rapariga mais coadunada, mais tudo e menos tudo.

Às vezes canso-me de não saber ser e de nunca encontrar o alçapão.

Às vezes, gostava que todos os outros dissessem que não sabem ser também ou serei apenas eu?

Eu que não aceito, eu que não quero, eu que não vivo, eu que não progrido, eu que não choro sem paredes, eu que não finjo ou só finjo, eu que não sei, eu que não sei ser.

Eu que só estou e que compreendo que ele e o chocolate ou o champanhe que não bebi, não iam mudar nada, porque nada mudaram no passado.

Quem sou eu meu rei?

Quem sou eu que me resvalo pelas entranhas do mundo e me deixo conservada em vinagre que vai vertendo na infinita roda do destino?

Que pessoa sou eu, meu rei e senhor, que não se completa, não sorri por dentro e não recebe de ti a bênção da evasão final?

Meu amo porque não me alforriais?

Por que me acorrentais e esgaçais o pescoço neste sem-fim de sentimentos nublados e desarranjados que me corroem a barriga e me devastam o peito?

Por que existem outros aqui, neste vosso reino, por que existem tantos outros, tantas mãos e sorrisos e vontades e coisas que eles fazem ali ao fundo e no canto e lá fora e me chegam pelos cantos dos olhos?

Quero-as tanto como comer baunilha mas depois vou e já não quero e já não sei e já não sou e já não desejo mas sigo igual, estancada e desiludida por não ser uma rosa fresca e matutina.

Eu duro.

A vossa vassala, humilde serva, destituída de albergue, enxerga e um prato de comida que sacie, deambula por caminhos alumiados pelo luar à procura da vossa graça, do vosso consolo.

Ofertar-vos-ia os meus ouvidos e as minhas mãos para me curardes, enrolardes no vosso colo e me ensinardes a ser uma pessoa direitinha, uma alma sem resquícios de águas silentes de juncais.

Meu rei, soberano de mim, a ti me entrego, todo o meu ser a vós se entrega, já não sou minha, nunca me fui, talvez…

E, talvez, se calhar, só neste caderno medicamentoso, caderno de horas, o tenha esclarecido.

Rei celestial, rei de mãos duras e cabelo comprido, amai-me, refazei-me, sou eu, aqui, aqui na beira do rio, vestida de sargaças à espera que me entrances o cabelo, amo-vos.

 

publicado por Ligeia Noire às 12:19
música: "The branches are gathered" de Nhor

15
Jun 13


Olá, olá, olá!

Mas que saudades tive tuas e que calor considerável esteve hoje.

Amanhã não tenho de me pôr a pé cedo e apeteceu-me escrever.

É bem verdade o que o Manson diz sobre gostar de pintar de madrugada por ser a melhor altura do dia, uma vez que, a maior parte das pessoas está a dormir e é como se a actividade cerebral fosse diferente e houvesse mais calmaria, liberdade e largueza… somos dois, concordo de fio a pavio.

Enquanto escrevo, reparo numa mania que volta e meia me acomete, morder o lábio inferior e, mais raramente, o interior da bochecha, a pele é arrancada e pequenos sangramentos ocorrem por vezes, acho curioso e não, não é lascívia, nem atiçamento erótico, é mesmo porque sim, porque me dá satisfação.

Acho interessante, interessante porque quando me perguntam se os meus desmaios aquando de praticas hospitalares ou de exames de rotina ou conversas mais gráficas se prendem com sangue, eu não posso, de todo, atestar a veracidade do diagnóstico.

Se fosse, como poderia ver um filme como o Dans ma peau, ou morder-me?

Se falasse com um qualquer profissional de psicologia ou psiquiatria, mesmo sem acabar um parágrafo, o tipo já teria na manga uma qualquer etiqueta para me colocar na testa.

Sim, esse Dans ma peau, que já vi há algum tempo, veio agora à tona. Nada que ver mas sempre achei o ser humano, o subconsciente, a alma, o cérebro um mundo maravilhoso, quão pouco o compreendemos, quão pouco lhe tocamos.

Toca a enfiar comprimidos garganta abaixo, ou masturbar o nosso ego e a carteira do senhor doutor com conversas de divã intermináveis...

Eu, que estou sempre tão faminta por respostas, aceito as coisas como são, as que me parecem próprias e naturais, digo.

E, olha que fulano tão bom para se deitar num divã e foder a cabeça a um qualquer narcísico doutor, o nosso caro Niklas!

Hoje, nem me perguntes como, dei por mim a ouvir uma canção chamada "For My Demons" que, pelos vistos, é dos Katatonia, eu gosto bastante dos Katatonia, como bem sabes mas não lhes conheço a discografia de cor e salteado e este tema nunca tinha ouvido, sequer.

Então, quando me apeteceu ouvir Shining e coloquei Shining e comecei a ouvir Shining, não reconheci e pensei, ah e tal isto não é Shining, os Suecos Shining, isto não é a voz do Kvarforth, enganei-me a carregar… ora bem, olhei bem para o nome e não é que era mesmo?

Os depressivos, suicidas, negros metaleiros Suecos a fazerem uma versão dos Katatonia, sem gritos infernais, gemidos do purgatório ou baterias desassossegadas…

Foda-se, nem sequer imaginava que o gajo sabia cantar ortodoxamente.

O pessoal não os curte, não o curte, ah e tal poser, ah e tal faz e acontece e é tudo show-off e má imagem para a cena, devo dizer que me estou bem fodendo para isso tudo, isto é bem bom, acho que me surpreendeu mais do que se fosse qualquer outra banda, não porque eu não acreditasse que ele fosse capaz de saltar para outro barco ou gozar com o povo e vender mais uns discos mas porque soa mesmo bem e bem feito.

Curti o gajo desde a altura em que numa entrevista disse que curtiu bué um concerto ou que tinha raízes na Checoslováquia porque cometo o mesmo deslize, somos os dois uns ignorantes mas sabemos rir.

Claro que ele sabe vender-se melhor do que eu… ou talvez faça o que lhe dá na real gana melhor do que eu...

Há que respeitar quem faz discos como o Halmstad, mesmo que anda p’ra aí a cortar-se, a fazer imoralidades numa banheira ou a molhar a caneta no sangue dos braços cortados para assinar o seu "When prozac no longer helps".

Ah! Claro, aquele infame concerto de 2007, com direito a espancamento, sangue, lâminas... nós sabemos como estes meandros do DSBM se pautam de coisas inauditas e por vezes burlescas, faz-me lembrar do Lord of Erewhon no concerto não sei de quem, quando a gaja da frente se tinha cortado e ele estava furioso porque ela lhe tinha manchado a camisa ou lhe ia manchar a camisa de sangue, ora pois.

Isto é tudo uma paródia e quando disso nos damos conta… é uma liberdade tão grande a que sentimos que as criancinhas esfomeadas de África deixam de importar.

 

Ela- Por que não tens namorado?

Moi-même- Por que hei-de ter eu um namorado quando posso ter vários.

 

Claro que o conceito de namorado para ela é uma coisa e para mim é outra, claro que se soubesse que tudo é uma paródia ter-se-ia rido comigo antes que eu saísse do carro.

 

publicado por Ligeia Noire às 02:04

21
Mar 13


Intro:

Oiço Líam e já tenho vergonha de gostar de todos os projectos e bandas em que o alemão, (e já agora o francês) põem as mãos, foda-se já parece caçada da minha parte, irra!


Voltando às coisas inúteis…

Ainda gostava de saber qual é o problema de certas figuras em aceitar o entendimento dos outros sem mandar o seu bitaite, a sua crítica acotovelada, sarnenta, bolorenta e corrosiva.

Sou a maior das assíduas no que ao humor corrosivo diz respeito mas detesto quando é usado para mostrar superioridade: eu sou melhor do que tu.

Escrevo estas palavras com uma pessoa visível na minha cabeça, foi por isso que deixei de a suportar, mimo, choros de atenção e mania… foda-se vira aí o leme marinheiro que não era disto que eu queria falar.

Era do senhor doutor, não, não vou mencionar a graça do excelso.

O pessoal achava-o pouco atraente mas eu até que tinha vontades de debicar, deve ter sido por causa do cabelo à Keanu Reeves e pela vontade que ele tinha de me desafiar.

Já lá vão uns bons anos mas confesso ainda me lembrar de quando ele me encavacava por estar desatenta a mexer no cabelo.

Bem, mas ia eu dizendo que não gosto quando se armam em espertos e o senhor professor nutria uma certa, como dizer, tendência em provocar aqui a petiza, dito assim, soa a narcisismo e a supra auto-estima da minha parte mas contra factos não há argumentos.

Isto é: todas as criancinhas que por ai pululam e que se vestem de forma pouco tradicional sabem o quão -anhos apetitosos- parecemos a estes intelectuais rebeldes de idade adulta :

"Olha-me esta, ah és contra o sistema, ai achas-te muito insubmissa, deixa-te começar a trabalhar. Deixa passar uns aninhos que eu quero ver…"

Ele leccionava uma espécie de História misturada com sociologia, quer dizer, ambas se complementam…

E nem sequer falei mas ah e tal splash:

"O Marilyn Manson, ah esse gajo armado em mauzão, esses gajos muita maus na tropa são os primeiros a choramingar… sabia dona (cof, cof) que essa figura se veste com roupas de marca, tipo dolce gabbana, aparece em revistas da moda, é tudo dinheiro."

Foi mais ou menos isto que ele palrou, não sei bem o que respondi... provavelmente que não me importava e que o que me interessava era a música, como ainda é mas hoje que já se me acrescentaram uns anos teria vontade de usar os meus mais altos sapatos, prender o cabelo num alto rabo-de-cavalo e pela noite encontrar-lhe o aposento e fodê-lo sem deixar número de telefone.

Ah e para que conste, senhor doutor, ele nunca disse não querer ser popular ou comercial, quer dizer até aquele cd de música da Etiópia, que poderia ter passado no festival de Sines, estará numa qualquer estante de uma grande superfície, é isso que é ser comercial, é ter um preço.

Mas eu percebo senhor doutor, o seu rumo, ele é mainstream na na na na, sim bebé, sente-se feliz agora, acha que é mais do que eu agora?

Olhe que esses anos todos que disse, já passaram. Aliás, metade deles já tinham passado quando falou.

Claro que sim, claro que é comercial mas esse sempre foi o objectivo, chegar ao maior número de pessoas possível, se ele quisesse ser underground teria seguido um estilo pouco popular como o jazz ou o industrial experimental dos Einstürzende Neubauten, não o metal.

E aí provavelmente o senhor doutor já ouviria e até mostraria e partilharia com os seus colegas doutores.

Agora este gajo de espartilho e plataformas, que mudou a música, as mentalidades, que usou e abusou da comunicação social e a virou contra si própria, o homem que apresenta, na trilogia irrepreensível, a dicotomia americana, o fascismo do cristianismo, a podridão dos valores morais e o niilismo do século vinte e um, fogo não usa óculos e camisa axadrezada ah e gosta de se divertir, do prazer, não, claro que não pode ser legítimo.

Quanto à dolce gabbana, bem sabia que ele vestia Marc Jaccobs, talvez Viviene Westwood, Galliano… a dolce gabbana não é só a marca das calças de ganga deslavadas hediondas das dondocas é também a delícia do desfile do ano transacto de Outono/Inverno, eles apenas fazem em massa o que sabem que irá vender.

A procura manda, o dinheiro é o que todos buscamos, não?

Lição primordial de planeamento e controlo da produção.

O Alexander Mcqueen veio dos subúrbios, era um pós-punk antes de se tornar na marca de alta-costura que é hoje, aliás ele fez daquilo que era, um mundo acessível… é nas subculturas que os criadores vão buscar ideias e é ao amacia-las, tornando-as domesticadas que o público geral lhes acha piada e as quer porque mostra status, porque foi aprovado, porque toda a gente bonita -the beautiful people- usa, porque está in já se pode usar, sem correr o risco de se ser apontado, exactamente o oposto do que é ser livre e pensante.

Aliás não é o que todo o misantropo sonha?

Viver daquilo que gosta?

Ter uma vida desafogada e poder durar num castelo de pontas aguçadas e não ter de contactar com meros mortais?

E a cena das revistas da moda, é uma boa treta, só se for numa de escárnio, pois que eu saiba só apareceu num editorial da Vogue aquando do casamento mas, quer dizer, com uma mulher deslumbrante daquelas, uma mulher dona de si, livre e imersa numa criação da Vivienne, num castelo na Irlanda, com o Jodorowsky presente e o Gottfried a celebrar e pavões nas imediações… crime seria não podermos ver.

É a velha estória, de que já aqui falei:

o nariz vermelho do palhaço.

Tomemos atenção: porque usava camisola de manga curta lisa e calças de ganga só podia ser muito mais genuíno, inteligente, ilustrado e trve do que uma fulana de cabelo heterodoxamente comprido e eyeliner…

Já o disse e volto a dizer, não é o desejo de atenção, é o idealismo de que um dia viveremos num mundo onde cada um se vestirá como quiser, sem ninguém ligar um chavo.

E como disse a senhora de negro, vamos lá ser sérios, não podemos agradar a Gregos e Troianos, há que assumir aquilo que somos sempre.

Portanto ah e tal que curto muito disto mas não preciso de me vestir assim é treta.

A única absolvição é o trabalho e se não usares o encarneiramento do uniforme, a coisa boa do espalhanço que isto levou, e que espero que esteja a passar, é que está tudo mais perto e a escolha abunda, pode-se perfeitamente amenizar a coisa no horário nobre para depois a aflorar fora do período de esclavagismo.

Se se for coveiro ou empregado numa funerária nada disto se aplicará.


The horrible people, the horrible people
It's as anatomic as the size of your steeple
Capitalism has made it this way,
Old-fashioned fascism will take it away


 

publicado por Ligeia Noire às 01:21
música: "II" dos Líam

15
Dez 12


The idea, there are human rights and we will enforce them by any means, is of course absurd.

That's not how the world works but you're still quite an idealist when it comes to the world in general...

-but I am also a realist.

-no, you are not, at all.

 

In Ходорковский realizado por Cyril Tuschi

publicado por Ligeia Noire às 14:04

08
Jul 12


Preciso de escrever, tenho de escrever quando chegar ao escuro do meu quarto e quando todos os cérebros estiverem do outro lado.

Aqui o eu é e está.

Tic-tac

Não pude escrever, a dor de cabeça só passou com rodelas de coma white.

Hoje sinto aquela frustração de que falam os músicos, tenho tudo aqui dentro e não sei como fazer a trasfega para esta folha branca…

Como já me passaram as vontades de ser florista e nutricionista, há muito tempo que o meu almejo é o de

andar daqui para ali a enrolar fios e cabos de uma banda em concerto, ser simplesmente necessária sem

existir, nunca estar no mesmo sítio demasiado tempo, mover-me constantemente para que não possa ser nem

existir, como nas viagens de autocarro, não estou em lugar algum, o por acontecer.

Tenho um imenso bouquet de hidrângeas de azul arroxeado, que abalroam o amarelo de três ou quatro dálias, no quarto.

Enquanto lá estava e arrumava os vestígios que não eram meus, não senti qualquer nostalgia, na verdade só

queria ir embora. Toda eu era nada de pensar e de sentir, a bolsa não me pesava e o coração nem lá estava, acordou apenas o miolo do crânio para buscar a metamorfose.

Havia nas minhas mãos desejos de a levar para casa, nunca a li, tenho um grave problema, ou melhor, a minha lavra trouxe-me o grave problema de ler tudo fora de tempo.

Ora, quando estivermos a sós, espero ainda conseguir mergulha-la.

Foi o homem de tranças loiras e malmequer branco numa delas, que um dia me leu páginas da dita, sentado

num banco de madeira.

E sim, aqui não estou a traduzir, metamorfosear ou metaforizar nada, é o literal das letras juntas.

Hoje, para além da ansiedade da trasfega, também sinto a alegria do negro.

O privilégio de ter conhecido alguns valetes bifurcados, damas de corações e demais personagens a que dou

valor quando estou pelo meio de versões relvadas da humanidade.

Depois de andar a fugir a manhã do jovem cavalheiro que conheço de obrigatoriedades sociais e a quem já não

quero roubar o sustentáculo, as minhas sete partes de limão tornaram-se dobradas em negatividades de

açúcar.

E, de um momento para o outro, vi-me moderna aia de domino e olhos opacos.

Haverá dias em que o terei de ser para coleccionar o vil metal que aos meus olhos brilha como o sol que evito.

E para ti minha cara, o sumo de tomate não era bom mas para não te provar a razão bebi-o como se de

nectarinas das Terras Brancas se tratassem.

E sim, eu gasto dinheiro em tabletes de chocolate, as inutilidades dizes tu.

Ainda não entendeste, nem nunca vais entender que prezo o poder do dinheiro, não o dito em si, nunca fui de

o armazenar, bolas, não te gosto.

Ah Deus... que cansativo será ter de fingir horas diurnas de sono roubado a escutar o que não ouço, o ruído da

inutilidade.

Os quadradinhos de chocolate versus o ruído que expeles: salvação quadrilátera.

Шлем ужасa Cavaleiro-das-Terras-Brancas, está quase aqui, em cima da cómoda, por debaixo do molho de

hidrângeas que se calhar já terão secado quando o acariciar com os meus dedos de unhas.

Devia ter ido, eu sei, mas havia tantas cordas atadas nos pulsos e nos tornozelos... até no pescoço!

Eu não sou uma pessoa má.

Sim, isto é mil novecentos e oitenta e quatro e é por isso que as rosas vermelhas se proliferam como aradeira

pelas paredes amuralhadas dos meus dois lados, mitigam as ruas ao sol para que não lhes veja nada mais do

que uma massa informe de podridão.

Eu sou uma pessoa amuralhada.


publicado por Ligeia Noire às 11:52

08
Mai 12


Não tens o que é preciso para que eu te sirva de tapeçaria ornamentada, se pensas que vou percorrer todo o círculo novamente e, em tom elegíaco cantar a minha morte certeira, enrola-te em teias de aranha e sê deglutido pela Rainha-mãe.

De joelhos, a escavar por entre a lama e o musgo, enquanto pego pelo abdómen de vermes que guardo no bolso, podes bem morrer sentado.

Sabes, fiz uma descoberta achocolatada hoje e sinto-me contente.

É, industrialmente melhor, odiar do que amar, ambos necessitam de violência, ímpeto e intensidade mas o primeiro estado é bem mais estimulante.

Engraçado, estive a ver mais um episódio da série «Sobrenatural» onde a minha personagem favorita disse de levezinho, como se fosse facilmente reconhecível por todos, como vivemos num universo "triste" que foi desenhado para criar conflito.

Isto é, por que deveria eu progredir graças ao teu fracasso?

Mas estas são as regras.

As coisas simples, a verdade.

Desci para lá do subsolo, a eterna caída mas não vou descrever-te como resvalei pelas paredes musgosas.

Há quem se venha com descrições semelhantes e eu não procuro o grotesco, acontece-me gostar de alguns dos fios que o tecem, não por mero jogo de menina aborrecida mas porque daí nasci e dele partilho.

Há tanto que ninguém sabe, só o Supremo, porque vê sem falar.

Tenho vergonha que o tenha visto mas ninguém o manda ter olhos sem pálpebras.

Foi preciso degustar o pó para perceber que quem manda aqui sou eu, quis forçar-me ao enamoramento, estava tão deslumbrada pela adrenalina de saber como é, que não quis reconhecer a minha incompetência em atingir tal estado.

Tenho pena mas a caixinha em que vim era aguda.

Conheci o avesso das sensações de uma maneira sórdida.

Aproximo-me de ti sempre, não consigo, aí admito a minha culpa, a minha miséria, a minha humilhação, como disse noutra folha branca, eu vejo-me a fazê-lo e não consigo parar, maquiavelicamente não me quero parar.

Tens rebuçados de que eu também preciso, vício, vício, vício nauseoso.

Gosto muito de mim com os olhos raiados, gosto muito de mim cheia de seiva cáustica, gosto muito de mim assim porque, quando assim estou, o meu dorso torna-se impenetrável e rebentam-me espinhos primaveris.

E, hoje, não quero usar o teu nome, sinto-lhe asco.

Nunca te fui boneca sem o querer primeiro, a batalha nunca foi entre nós os dois, foi sempre entre mim e mim.

A única coisa que ressinto, deveras, é saber que pensas que te amo quanto apenas te careço, como de um ingrediente.

Sou sempre eu e a minha filha negra mas isso não to posso revelar porque deixarias de deixar que te atasse os cordéis.

E agradeço ao maldito por me ajudar a conspurcar-me e a saber usar as larvas para me suster neste mundo pútrido.

Afinal de contas somos os filhos de Caim.

publicado por Ligeia Noire às 13:43

21
Fev 12


Se há algo que me embala e me descansa, é o simples acto de escovar o cabelo quando está meio húmido e enrolá-lo com as pontas dos dedos.

Ontem, estava numa instituição bancária e sentei-me à beira duma senhora que me perguntou, se já estava na vez dela, disse-lhe que não e ela encetou conversa.

-Fica-lhe muito bem esse penteado, a senhora tem rosto para isso, eu já não posso usar.

-Envelhecemos todos, não é?

-É verdade… já estou quase nos oitenta.

-E deixe que lhe diga que está muito bem.

-Ah e esse vestido cai-lhe muito bem, é muito bonito. Sabe, sempre me disseram que, uma mulher que se arranja, ganha o respeito e admiração dos outros. Hoje em dia a juventude já não leva isso a sério.

-Outros tempos, não é?

-Mas não é viúva é? Gosta de cores escuras, pois.

-É isso. Olhe, chegou a minha vez.

-Adeus, tudo de bom para si, muita felicidade e sorte.

O receio de envelhecer... sempre lhe escapei pensando que morreria antes de lá chegar.

Achas que estive a desperdiçar a vida, o tempo, a pele, os lábios?

Estive a pensar na flor-selvagem, fui mais forte que a vontade e fico feliz por isso.

Apesar de me ter estendido as pétalas, as minhas mãos ficaram guardadas nos bolsos e fechei-o na gaveta.

Talvez noutros receptáculos possamos prosseguir a tingir copos de cristal.

E, mais uma vez, concluo que ninguém pode ser-se em conjunto.

A individualidade e a personalidade são sempre decepadas quando andamos a quatro pés.

O meu cabelo ainda traz o odor de cascas e mel.

Se calhar, Supremo, se calhar era esta a conclusão a que querias que chegasse.

Que posso brincar, abrir os laços, rodopiar em valsas continuadas, enregelar as costas contra paredes marmóreas em embates suculentos de violência mas, não a andar a quatro pés mas, não a ser-me frente a outro par de olhos mas, não a deixar-me desvelar por tempos indeterminados.

Tudo se torna imperfeito na continuidade, tudo se danifica na cadência de dias claros.

Os extremos não podem ser vividos, senão, em golfadas e, eu quero o derradeiro e, o derradeiro é momentâneo como o desabrochar de uma rosa, uma rosa de vida curta mas imensa porque da finitude nasce-lhe a perfeição.

Sou assim, demasiado minha.

Lembro-me de te ter desafiado a provar-me o oposto mas acho que desta vez quem ganha sou eu.

Esta vitória nasceu-me no berço.

publicado por Ligeia Noire às 22:38

04
Dez 10


Kunsten å tenke negativt, um filme de Bård Breien


Não é só um filme, é um manifesto, um mundo, um estrangular de pescoços, um "fuck them all", finalmente consegui arranjá-lo, só lhe mudaria uma coisa, a roleta russa deveria ter sido a sério. O que não invalida o facto de ter entrado directamente para os meus filmes preferidos, de sempre.

 

publicado por Ligeia Noire às 00:26

24
Jan 08


You know what to do, you know what I did

Since you know everything just clue me in

I am such a wreck, I am such a mess

I know what I know, why don't you fill in the rest?

I will bring you down, I will make it bad

While you’re feeling proud, why don't you help me?


Such a shame that I wouldn't know by now

Your revelations

Cut me in, I don't want to live without


Your revelations


You know what to say, you know what I said

You know what I dream sleeping in my bed

You hold all the keys, you know all the roads

Why don't you guide me in, if I'm such a lost soul?


I'm spinning round, I will make you ill

Since I'm so broken down, why you don’t fix me?


Such a shame that I wouldn't know by now 

Your revelations 


Cut me in

I don't want to live without your revelations 


I am haunted when I am sleeping 

Try to give without receiving

It's in the apple bite 

It's in the days and nights 

In the afterlife we'll reap


Such a shame that I wouldn't know by now

Your revelations 


Cut me in

I don't want to live without your revelations


Such a shame

Such a shame

That I wouldn't know by now your revelations


Cut me in

I don't want to live without your revelations


Letra da autoria de Audioslave/Lyrics By Audioslave

 

publicado por Ligeia Noire às 14:16

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