“We are like roses that have never bothered to bloom when we should have bloomed and it is as if the sun has become disgusted with waiting”.

03
Nov 13

 

Noite quase em claro com medo de que acontecesse alguma coisa como da outra vez, só tinha o outro amiguinho do outro lado para tentar fingir que nada se passava, não podia falar com o cavaleiro por vergonha, não quero que ele saiba destas coisas, não são coisas minhas, não são humilhações advogadas por mim, não podia falar com nenhuma delas porque não e pronto. Estava ali, aquele homem que toca bateria e escreve e fala coreano e é leal e desabafei com ele, enquanto esperava que o inferno subisse mas felizmente não aconteceu e os olhos agora pesam-me, gostava de sair deste medo, desta inquietude mas deixar para trás, inseguros, os que amo devolve-me ao poço.

Gostava de ser normal e ter uma vida normal.

Tenho o Elizium a rodar na aparelhagem, já sinto o cheiro da lareira acesa e penso que ele tem razão, comporto-me de igual forma quando vou para a cama, a sensação inigualável de ter algumas horas de solidão, de sono e de conforto pela frente…. É o mais próximo da morte.

Anteontem, enviei-lhe o presente, junto com ele uma caixinha, caixinha preta com floreados brancos na tampa. Enchi-a de rebuçados e vim com um sorriso tolo até casa.

Está a ser difícil chegar com a embarcação a este porto longínquo, a derradeira prova.

Quanto às outras coisas, tento fugir-lhes, falar-lhes mais alto, agarrar uma corda que de quando em vez me chega perto, de resto, de tampa fechada, continuo lá dentro, à espera de ser desembrulhada e, pode ser o Cavaleiro-das-Terras-Brancas a etiquetar-me o sabor.

 

publicado por Ligeia Noire às 12:35
música: "Elizium" dos Fields of the Nephilim
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25
Jun 13


Surpreendo-me com a minha capacidade de suportar aquelas aves de rapina fastidiosas, chatas e triviais ao cubo.

Às vezes, dou por mim, parada no corredor a olhar para o parque de estacionamento e com vontade de rir tresloucadamente, não sei se de desgosto, se do grotesco que tudo me parece.

Estes dias têm sido cheios de empreitadas e decisões, canso-me e não tenho tempo para pensar, o que é bom.

Não me apetecia muito estar com ela mas confesso que preciso de me afastar disto, sinto-me branda e solta sempre que abalo.

Amo tanto isto, quanto odeio, soube-o enquanto olhava para a lua cheia de ontem e o frio me ameigava os braços.

E falta tão pouco tempo… «Não pensar em problemas e deixar o ribeiro correr, vai ser divertido, bom», respondeu-me o cavaleiro, ontem, quando lhe disse que estava ansiosa e nervosa, concordei… mas continuo na mesma, é difícil não pensar mas estou a tentar, tento muito.

No Domingo, estive a falar com o gajo nebuloso, confesso que me apraz imenso, o problema é que a minha margem de manobra é restrita e isso irrita-me, tenho de saber pesar o inexequível mesmo que seja cheio de nébulas, mesmo que assim seja.

E, por último, o meu elefante no salão de cristais… pois, às vezes, falo, outras vezes… deixo por aí, tracks will fade in the snow, certo?

O problema é que estamos no Verão, e não posso acabar estas linhas contornando esse bicho rotundo no meio de tudo, mas não, não vale a pena, não mexer, deixar apanhar pó que conserva.

 

publicado por Ligeia Noire às 11:00
música: "Dreaming: The Romance" dos Anathema
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09
Mai 13


I

Quando comecei a ver o filme senti que iria ser uma desgraça, como poderia conseguir transportar-se tamanhos conceitos para o cinema, uma obra onde as personagens são apenas ilustrações, possibilidades do escritor, onde se fala do tem de ser e da queda e do abismo, de existir, não, não se pode.

Então, lembrei-me do que aprendi nas minhas esparsas aulas de literatura e cinema, um filme adaptado de um livro é uma obra nova, não tem de seguir a perspectiva do livro e, assim, comecei a apreciar o dito, até porque tem mais de duas horas e dá tempo para pensar em gostar-se dele ou não.

Já o tinha tentado ver há uns dois anos mas ou adormeci ou não me cativou ao início.

Não me vou pôr p'ra aqui a analisar um ou outro porque não sei ser imparcial, objectiva ou construtiva.

Gostei da brisa leve e cómica com que o realizador escolheu permear a acção e pronto.

 

 II

 

Porque eu encontrar-te-ei, sou mais alto do que tu e posso dizer-te que não precisas repensar e pesar o mundo todo naquele punhado de segundos e sei que ao dizer-to, deixarás que suba aos olhos a alforria de que eles precisam para me mostrarem que somos da mesma laia.


Unleash The Red, Lucifer’s Chorale e When Love Starts To Die estão à altura do que eu esperava que este disco fosse mas são só estas, há umas mais próximas destas, outras menos… e, agora que a impulsividade se foi, vou clareando a percepção e admitindo que o erro começa logo no "eu esperava que" olha, foda-se minha cara, vai ouvir outra coisa porque não falta o que ouvir... mas eles ainda brincam mais comigo porque, apesar de tudo isto, dou por mim a ouvir várias vezes esta açucarada mas, curiosamente, praticável Hearts at war e a canção falou comigo e disse-me tudo isto:

 

So, after all that we have done
Are you feeling cold
Like the winter sun
and have you thought about all the words that
We left unsaid?
Don’t be scared
You shouldn’t be

Hearts at war
Drunk on dreams
Of all that’s been lost now
Let them bleed
Just let them

Run away as far as you can
And hide behind all the promises
But I’ll find you
Cause you’re a fire
And I’m the rain
Don’t be afraid


Hearts at war

Drunk on dreams
Of all that’s been lost now
Let them bleed
Hearts at war
Think of love
There’s no escaping
What we have brought upon ourselves again

Hearts at war
Drunk on dreams
Of all that’s been lost now
Let them bleed
Hearts at war
For thinking of love
And there’s no escaping
What we have brought upon ourselves again

There is no way, I’m waiting
We’ve brought this upon ourselves again


Lyrics by H.I.M./Letra da autoria dos H.I.M.


Se ele soubesse mais do que o meu nome e o meu ego bêbado, se ele soubesse deste caderno medicamentoso, ya isso.

No entanto, ele sabe que sou uma rapariga que se veste de negro, incerta, ambígua e amiga, muito, da amiga dele.

E que sei eu dele?

Não quero saber nada.

Foi para isto que vim aqui hoje escrever, estava era a tentar prolongar a coisa mas não consigo, quanto mais ansiosa e inquieta mais preciso de escrever, para controlar o desassossego.

Uns, sabem de antemão que vivem o peso e esperam do peso a validade da vida, outros vivem a leveza de uma existência que vai arrecadando pontos no carreiro que leva à morte desde o dia em que se nasce.

Outros, ainda, adormecem em Sextas-feiras leves e acordam para Segundas-feiras pesadas.

Esses, que são volúveis, têm dias em que desejam, de todo o coração, que o seu corpo seja hóstia e que, ao comungarem de si, os outros consigam a felicidade.

Noutros dias, esses volúveis, vão fitando as notícias e esperam que a Coreia não esteja a brincar e encete fogo no rastilho porque não poderiam estar mais à vontade com a liberdade de não serem mais.

 

publicado por Ligeia Noire às 00:41

21
Fev 13

 

É isso, Venom a rodar na aparelhagem, o Hell gravado com a cortesia dum professor que tive há uns anos e, já agora, para os meus camaradas que sempre atiçavam, não, nunca fui pra cama com o homem mas já se sabe que os apreciadores de música pesada ou obscura se reconhecem como lobos.

Por falar em música, estou a reler o Long Hard Road Out Of Hell, desta feita na língua original e a parte em que ele diz que há coisas que ainda hoje o atormentam em pesadelos, serve-me direitinha, assim como a milhares de pessoas, presumo.

Tenho sonhos que não conheço, de que não percebo a fonte e não sei se estão relacionados com o passado mas há outros, demasiado explícitos, que seria demasiado condescendente da minha parte fingir que não foram semeados lá atrás, o desta madrugada, por exemplo.

Quando era mais miúda, adolescente, tinha nítido o meu final, seria exposição, estás a ver o final dos tempos? A segunda vinda de Cristo à Terra para recompensar os justos e castigar os errantes?

O meu medo não era o de ser castigada, o problema era a minha concepção de Inferno, e, agora que estou a reler este livro… todo este imbróglio que é a religião, enfim todo este temor, este castigo constante que o levava a paranóias de apocalipse, verdadeiro terror, enfim, a minha concepção de Inferno, como ia dizendo, era mais ou menos a mesma, aliás o que me preocupava e acho que ainda me amedronta é o julgamento final.

Imagino um ecrã panorâmico onde todos os nossos silêncios serão apresentados em alta definição para todos aqueles que partilharam a nossa rotina…

Assusta-me, odeio os olhos ali todos, a turba, a alarvidade…

Gosta da minha música tão violenta quanto os meus filmes e isso não significa tremolo picking ou sangue e tripas, respectivamente.

Cada vez é mais notória a paz e o esquecimento que isso me garante.

Eu era longe e infante, não sabia o que era o bem e o mal, se calhar não os absorvi, isto é, como estão concebidos socialmente neste agora.

É curioso perceber que sempre fui mais, do que agora que sou, se calhar o laço branco vem daí.

 

 

publicado por Ligeia Noire às 00:35
música: "Straight to Hell" dos Venom
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03
Jan 13

 

Sabes quando te sentes abafado, posicionado num formato que não podes alterar?

Se estás num quarto: sais, se estás no meio de muita gente: vais embora.

Isso do quarto e da gente, acontece-me muito e sei o que fazer.

Mas o raro e que dói até ao peito, não.

Vamos lá ver se consigo explicar... há momentos, em que me sinto sufocada pelo tempo, pelo aqui, pelo dentro.

Para mim, presentemente, o mundo é um quarto de pensão… no mundo e do mundo não posso simplesmente abrir a porta e sair ou esperar que a multidão se esvaia e isso deixa-me doida e exausta, também.

Ai hoje, agora, neste momento, sinto-me assim, ansiedade desmedida, desespero que se me descai em lágrimas…


Uma pipeta verte uma pequena gota do alto do que um braço consegue sustentar, para dentro de uma caixa de ferro.


Mais um ano, mais um ano e hoje acumula-se-me na zona média da garganta o quão tudo é penoso.

Eu estou ali e eles estão além, não quero ir, eu sei que falta muito, fiquei honrada mas ao mesmo tempo senti-me terrivelmente aberrante e abandonada.

Não quero continuar na zona do milagre, não quero que passem a fronteira, especialmente a rapariga-que-tem-nome… tive ciúmes dele, sim, ela costumava ser minha.

Não me interessa o que vos interessa e ao mesmo tempo queria saber como era, compreender porque quereis vínculos e sofás com almofadas, o que vedes quando me olhais?

Foi também aquela frase dele, deslocada para os que estavam alheios mas apunhalada para a que escreve agora.

Foi aquela tasca cheia de gente eufórica e perdida do horizonte e o "tens 19, tens 20, tem de ser!" e foi giro mas depois sou eu.

Foram todos os problemas de sangue dos quais nunca escrevo.

E também os das nove às cinco…

E a mentira grande que está quase na adolescência, não a esqueçamos Supremo.

E a rapariga bonita que dançava com o rapaz bonito.

O convite embrulhado numa rosa que fechava o passado.

Já não sei se dá para continuar a remar contra a maré, se posso continuar nesta de "sou eu e quero que tu te fodas".

Não quero ser específica, quero ser embalada, quero ficar sozinha.

Isto se estivesses calado, se fosses embora de manhã…


publicado por Ligeia Noire às 01:13
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13
Nov 12


Acho que isto veio do Dorian Gray, apontei há tanto tempo...

Como gostar de andar sem chegar a lado algum?

Perguntei-me.

Não compreendi antes porque estava a olhar de demasiado perto para ver.

Chega-se sempre a alguma coisa, nem que seja à cauda para olhar para a cabeça.

Pensa nos Vampiros, no Libertino, no Dorian… Não vivem por, nem para nada.

Houve um momento em que não era assim, claro que houve, a salvação na destruição vem sempre agarrada a um percurso direitinho que falhou, que se tornou insustentável.

Afinal nascemos todos iguais.

O viver sem querer realização a nível algum é incompreensível para uma fatia gulosa da espécie humana, somos animais procriadores.

E sabe bem a completude, mesmo que cheia de roedores, mas há o cansaço, há tanto cansaço e há também a impossibilidade, o sangue, os bolsos descosidos, há isto tudo e isto tudo deixa os percursos direitinhos barrados e os esburacados vão-nos ganhando o apetite e nós vamos por eles e gostamos.

No princípio ainda há esperança orlando os buracos, depois, na primeira bifurcação, há dor e violência e coisas que fazem arder os olhos com as quais nos sentimos mais confortáveis.

Lá vamos nós, habituando os olhos à luz escura e não é que gostemos, é que sempre foi assim mas teimávamos, ah néscios de nós... em rastejar cá para fora, mesmo que apenas conseguíssemos algumas estações de descanso.

Detesto os que gostei, nauseiam-me os que pensei querer, enfim, abrem-se os olhos para o nada de querer que sempre fez mais sentido.

A teimosia é dura mas o orgulho é refeito a cada vómito de adaptação.

E, finalmente, quando a cria de perder percebe o carreiro, os buracos, as circunvalações e as bifurcadas meadas entreabertas, abre o peito ao sol que vem de cima, pois claro, e deixa que tudo seque e, depois de mirrado, o que fica é este percurso de andar porque temos pernas, respirar porque nos é involuntário e viver porque nos obrigaram a saltar cá para baixo.

Todo o resto, já que o orgulho não morre, é o prazer porco, o escárnio da doçura que se usa para encarcerar bichinhos incautos aos nossos suspiros.

Todo este nada de chegar e violência de sentir pode assustar e afastar a maior parte das pessoas, e é bom que afaste, desperdiçar caminhos alumiados é pecado punível com outra volta na montanha-russa.

Não há saída e saber disto é aproveitar a circularidade do carreiro para escarrar vezes sem conta no acto petulante de encarreiramento interminável da moldagem a mais e mais receptáculos.

E, assim, vamos apodrecendo a carne porque esta fracassa diante do nosso appetite for destruction.


publicado por Ligeia Noire às 15:28

23
Jun 12


A roupa de cama não é muita mas quero mentalizar-me de que é por isso que acordei toda transpirada.

Sempre que tento dormir de dia, resolve-se nisto:

Pesadelos.

Tenho a sensação de que alguém me anda a jogar, alguém me perspectiva como um dado pequenino e inofensivo.

Todos estes dias a dormir às prestações tornaram-me as noites de paz em olhos escancarados na mesma medida.

Não sei, se calhar tens razão e é apenas a minha tradicional paranóia esquizóide a vestir-me de si mas como sou daquelas que dorme de punhal limado na cama de núpcias…

Bem, todo e qualquer ser está exposto à traição e ao engano da confiança e da lealdade, a partir daí é que a dança no fio da navalha se enceta.

Odeio que me brinquem sem que eu tenha colocado cada uma das minhas mãos no vestido e ligeiramente tenha flectido o joelho e inclinado a cabeça.


publicado por Ligeia Noire às 03:03
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18
Jan 12


Estou tão cansada, não estás cansado?

Estou triste, para lá de triste, estou cansada.

Cheiinha, como uma lâmpada acesa há dias.

Não sei do mundo e gostava que ele não soubesse de mim.

Hoje, ao vir para "casa", escondi os olhos nas pálpebras, são muitos anos, anos que deveriam fortificar a casca calcária mas ficam sempre buracos, buraquitos, buraquinhos, buracozitos, crateras.

Cansa um bocado, um bom bocado.

Especialmente, quando estou violácea e de pulsos porosos.

Tenho medo e estou cansada.

Como é que se põe palavras nuns olhos que seguem as gotas de chuva numa vidraça, mesmo quando não há chuva?


publicado por Ligeia Noire às 22:46
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24
Mai 10

 

I

 

  

As pessoas deveriam ter cuidado com os casebres em escombros.

Gostam de saborear o limite, gostam de se propor ao ousado e depois acham que basta abrir a porta.

Não, não e um não de negação cerrada.

Se entraste tens de ficar para jantar e eu… janto tarde.

 

 

II


   

A superfície não me satisfaz, não me sirvo de prostíbulos.

O único sangue do qual me sustento é o meu.

Se queres saber-me, não podes ficar-te pelas águas paradas e opacas, há que descer, descer ao lodo e emaranhares-te naquilo que não sabes.

Não podes aproximar-te, não podes olhar-me dentro dos olhos e depois tingires-te de medo.

Uma vez que os abri para ti, tens de ficar até ao fim.

 

III

 

O que é o fim minha doce bailarina?

Minha noite derramada de subtilezas.

O fim a que te esquivas não se te oferece de olhos fugidios.

Ou pensavas que eu era uma galeria na qual podias passear o teu vestido e ofertar-me as tuas palavras eloquentes sem haver respiração do meu lado?

Ah minha doce bailarina, a qual estima ser de aversão feita, aqui, na minha torre, os teus cabelos não tocam o chão e o cavaleiro...

...ah o cavaleiro não tem olhos.

 

IV

 

Pergunto-me o que tu te perguntas por deleite.

Respondo-me o que tu querias saber e não sabes.

Eu não gosto de ludíbrios.

Ou achavas que os meus olhos fechados e o meu corpo de recuo eram apenas horas de semana?

  

V



Vês-me a fechar-te a porta?

Vês-me a deixar-te do lado de fora?

Cerro novamente as pálpebras, como íntimas guardiãs, e sempre que me quiseres ver os olhos, abrir-me-ei em pântanos e podes tentar.

Tenta.

Folgo em ver-te do lado de fora reflectida no meu lodo.

     

publicado por Ligeia Noire às 20:11
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24
Nov 06

 

As tuas lágrimas não corroem sequer a pedra que te veste.

publicado por Ligeia Noire às 09:24
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