“We are like roses that have never bothered to bloom when we should have bloomed and it is as if the sun has become disgusted with waiting”.

13
Nov 12


Acho que isto veio do Dorian Gray, apontei há tanto tempo...

Como gostar de andar sem chegar a lado algum?

Perguntei-me.

Não compreendi antes porque estava a olhar de demasiado perto para ver.

Chega-se sempre a alguma coisa, nem que seja à cauda para olhar para a cabeça.

Pensa nos Vampiros, no Libertino, no Dorian… Não vivem por, nem para nada.

Houve um momento em que não era assim, claro que houve, a salvação na destruição vem sempre agarrada a um percurso direitinho que falhou, que se tornou insustentável.

Afinal nascemos todos iguais.

O viver sem querer realização a nível algum é incompreensível para uma fatia gulosa da espécie humana, somos animais procriadores.

E sabe bem a completude, mesmo que cheia de roedores, mas há o cansaço, há tanto cansaço e há também a impossibilidade, o sangue, os bolsos descosidos, há isto tudo e isto tudo deixa os percursos direitinhos barrados e os esburacados vão-nos ganhando o apetite e nós vamos por eles e gostamos.

No princípio ainda há esperança orlando os buracos, depois, na primeira bifurcação, há dor e violência e coisas que fazem arder os olhos com as quais nos sentimos mais confortáveis.

Lá vamos nós, habituando os olhos à luz escura e não é que gostemos, é que sempre foi assim mas teimávamos, ah néscios de nós... em rastejar cá para fora, mesmo que apenas conseguíssemos algumas estações de descanso.

Detesto os que gostei, nauseiam-me os que pensei querer, enfim, abrem-se os olhos para o nada de querer que sempre fez mais sentido.

A teimosia é dura mas o orgulho é refeito a cada vómito de adaptação.

E, finalmente, quando a cria de perder percebe o carreiro, os buracos, as circunvalações e as bifurcadas meadas entreabertas, abre o peito ao sol que vem de cima, pois claro, e deixa que tudo seque e, depois de mirrado, o que fica é este percurso de andar porque temos pernas, respirar porque nos é involuntário e viver porque nos obrigaram a saltar cá para baixo.

Todo o resto, já que o orgulho não morre, é o prazer porco, o escárnio da doçura que se usa para encarcerar bichinhos incautos aos nossos suspiros.

Todo este nada de chegar e violência de sentir pode assustar e afastar a maior parte das pessoas, e é bom que afaste, desperdiçar caminhos alumiados é pecado punível com outra volta na montanha-russa.

Não há saída e saber disto é aproveitar a circularidade do carreiro para escarrar vezes sem conta no acto petulante de encarreiramento interminável da moldagem a mais e mais receptáculos.

E, assim, vamos apodrecendo a carne porque esta fracassa diante do nosso appetite for destruction.


publicado por Ligeia Noire às 15:28

10
Jun 12


She ain't no princess, ain't no angel, ain't no little fairy

She believed she was special, sweet little Mary

She feels betrayed, she feels deceived, oh sweet little Mary

 

Às vezes, acho que vou conseguir chorar e fico de olhos escancarados a noite toda.

Descobri que, bem de manhã, também se revela uma boa hora para escrever, na verdade, é como se ainda

fosse o dia anterior.

Ainda cheiro a noite.

Estou rodeada de mentirosos, enganadores, se pudesse voltar na primeira bifurcação do carreiro não teria

escolhido o bolo de chocolate, as cerejas eram tão vermelhas…

O sangue é vida.

Ah!

Sempre a querer ser a menina bem penteada, a que dobra os lenços em três partes, a que 0,7… bem, paremos.

Há algo de doentio nisto, há algo de profundamente degenerado nesta vontade doce.

Tão ridículo quanto andar vestida de linho virginal pelo meio de corpos pejados de pústulas e brotando pús.

Estou rodeada de pessoas que me rogam pragas nas costas, pessoas que me execram, me maldizem, me mentem de si e para si mas que continuam a abrir a boca cálida de ludíbrios, em sorrisos.

Sinto-lhes a descrença, cheiro-lhes a vergasta a desferir bastonadas nas minhas costas que se desfazem em

azeitonas de azeviche:

o meu desprimor para com a sua gentileza.

Há os que vejo e os que se ocultam.

E ambos repugno.

Ambos se questionam por que ainda sorrio, ambos gostavam de ter tido metade da vontade do meu silêncio,

metade do escarlate que amo, ambos param para pensar e gostavam de ter estado calados.

Só quem vencedor já se julga, ao subir a escadaria, jamais lhe encontra o último degrau.

Se vos achais vencedores, perfeitos por graça e natureza, para quê a escada?

Não subais, o Inferno é para baixo.

Sois tão feios.

Continuo aqui, se doente me reconheço neste receptáculo, por certo, não foi a vosso ditame.

Foi tarde que cheguei no ontem que já era hoje, foi no ontem que frente a uma qualquer capela a roupa negra

e o cabelo caído colhiam chuva de nevoeiro acelerado.

Se pudesse não prosseguir aquele carreiro, se pudesse não ter dito, não ter trazido baldes de lodo comigo.

No passado fazia sentido, agora, não sei porque o continuo a fazer, agora, hoje, nesta manhã, sei que é

apenas por pura mecanização, já não há qualquer desejo, é apenas por não conseguir vislumbrar qualquer

vulto lá ao fundo.

Aliás, há alguma coisa, há desprezo e letargia, é por isso que sinto raiva de mim, outrora quando era o

mistério e a paixão que me moviam, toda eu me aurorava nenúfar de flor branca no lago, bicho-da-seda em

noite de Agosto.

As pessoas de braços e pernas que couberam nestas pobres linhas…

A Maria quer sentir-se melhor, deixem-na rabiscar, deixem-na abrir a blusa.

Já agora, elas e um ou dois eles, não percebiam porque se tinha a rapariga-que-tem-nome prendido, porque

tinha ela aquelas mãos duras e agrestes ao redor de tão fina cintura mas eu percebi-a bem, tão inteligente

foste rapariga-que-tem-nome, eu deveria ter feito o mesmo.

Sempre me disseste que preferias ser amada, a amar, a segurança e os alicerces são sim, o mais importante.

Tenho-te saudades e cada vez te contemplo mais a formosura.

Ainda não é hoje que falo do medo, ainda não consigo falar da tesoura que vai cortar o laço, ainda não quero

falar da asfixia que o saco de negro industrial vai provocar.

Ainda tenho tanto sono.

Esta semana sonhei com coisas muito feias, já não me recordo bem mas havia uma grande extensão de água,

como um mar particular no cimo de uma fábrica abandonada, cheio de coisas podres e infectas que, de quando

em vez, emergiam.

Acho que no dia anterior voltei a sonhar com aquele edifício grande de escadas íngremes, tem espelhos e tem

pessoas e eu tenho medo de cair, em todos os meus sonhos eu tenho muito medo, já não pairo há muito

tempo.

Estou rodeada de pessoas que mentem e eu sei.

Já descobriram a partícula de Deus?

publicado por Ligeia Noire às 12:49

19
Jan 12


Gosto muito mas mesmo muito.

Já tocou centenas de vezes, gosto muito do título, gosto muito de que ela respire sozinha e se vá descobrindo a cada par de ouvidos.

É isso que a música deve ser, não é?

Nossa.

Acho que os senhores que fizeram esta melodia, não quiseram saber do conteúdo do filme, ela vive bem sem ele, ou melhor, ela enegrece-o tanto que mal se vê o que vai sucedendo lá ao fundo.

Hand covers bruise ou a mão que encobre o ferimento.

A primeira vez que ouvi nem reparei no título mas, agora, não sei o que é mais engenhoso.

A mão que é pequenina, a mão que esconde, tapa, encobre.

O ferimento que, aqui, não é um ferimento onírico, é mesmo pisadura, carne macerada, nódoa negra, hematoma roxo, doente.

O quão alagados ficamos durante o processo do: come, engole, rumina, aguenta, cospe, vomita.

Esconder o todo com o nada.

Hás-de ter sangue coagulado e hás-de ter sangue líquido.

publicado por Ligeia Noire às 16:48

18
Jan 12


Estou tão cansada, não estás cansado?

Estou triste, para lá de triste, estou cansada.

Cheiinha, como uma lâmpada acesa há dias.

Não sei do mundo e gostava que ele não soubesse de mim.

Hoje, ao vir para "casa", escondi os olhos nas pálpebras, são muitos anos, anos que deveriam fortificar a casca calcária mas ficam sempre buracos, buraquitos, buraquinhos, buracozitos, crateras.

Cansa um bocado, um bom bocado.

Especialmente, quando estou violácea e de pulsos porosos.

Tenho medo e estou cansada.

Como é que se põe palavras nuns olhos que seguem as gotas de chuva numa vidraça, mesmo quando não há chuva?


publicado por Ligeia Noire às 22:46
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22
Set 11


Se pudesse escolher entre ser rica e poder dormir todos os dias, oito horas seguidas, escolheria a segunda opção sem soluços.

E, com as manhãs que são coisas que não compreendo, nem gosto, chegam outras verdades amargas… não consigo ler, deixei de gostar de ler.

Sei que sou demasiado impulsiva e emotiva para uma nativa de sol e lua num signo de terra mas é verdade.

O último ano revelou-se uma verdadeira tortura para manter um nível de concentração mínimo.

Não consigo concentrar-me, não consigo ler dez páginas seguidas, não consigo dedicar-me a nada, a cabeça está sempre lá.

O mesmo se está a passar com o cinema,(em menor escala, devo dizer) no entanto, são cada vez menos os filmes que, mesmo sendo do meu agrado e de realizadores que aprecio, não me deixam ansiosa ou que ficam para ver num outro dia, dia esse que nunca chega.

Sobra-me a música, sempre a música… essa acontece todos os dias, quase o dia inteiro.

E até sei porquê, porque com ela posso fechar os olhos.

publicado por Ligeia Noire às 10:19
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31
Ago 10

 

(...) made the choice to go away
drink the fountain of decay
tear a hole exquisite red
fuck the rest and stab it dead

broken bruised forgotten sore
too fucked up to care anymore
poisoned to my rotten core
too fucked up to care anymore

broken bruised forgotten sore
too fucked up to care anymore
poisoned to my rotten core
too fucked up to care anymore


broken bruised forgotten sore
too fucked up to care anymore
poisoned to my rotten core
too fucked up to care anymore

broken bruised forgotten sore
too fucked up to care anymore
poisoned to my rotten core
too fucked up to care anymore (...)

(depois o cd encravou)

 

too fucked up to care anymore

 

too fucked up to care anymore

 

too fucked up to care anymore

 

too fucked up to care anymore

 

too fucked up to care anymore

 

too fucked up to care anymore

 

too fucked up to care anymore

 

too fucked up to care anymore

 

too fucked up to care anymore

 

too fucked up to care anymore

 

too fucked up to care anymore

 

Excerpt from NIN's song "somewhat damaged"/Excerto do tema "somewhat damaged" da autoria dos NIN

publicado por Ligeia Noire às 03:49

16
Jun 10


It's just a feeling

I get sometimes

A feeling

Sometimes

And I get frightened

Just like you

I get frightened too

but it's

no, no, no) No time for heartache

(no, no, no) No time to run and hide

(no, no, no) No time for breaking down

(no, no, no) No time to cry

Sometimes in the world as is you've

Got to shake the hand that feeds you

It's just like Adam says

It's not so hard to understand

It's just like always coming down on

Just like Jesus never came and

What did you expect to find

It's just like always here again it's

(no, no, no) No time for heartache

(no, no, no) No time to run and hide

(no, no, no) No time for breaking down

(no, no, no) No time to cry

Everything will be alright

Everything will turn out fine

Some nights I still can't sleep

And the voices pass with time

And I keep…

No time for tears

No time to run and hide

No time to be afraid of fear

I keep no time to cry

(no, no, no) No time for heartache

(no, no, no) No time to run and hide

(no, no, no) No time for breaking down

(no, no, no) No time to cry.

  

Lyrics by The Sisters of Mercy/Letra da autoria dos Sisters of Mercy


publicado por Ligeia Noire às 22:42
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23
Nov 09


Às vezes sinto-me demasiado suja.

Quanto mais luz existe mais nojo tenho.

A minha pele, o meu cabelo, o meu rosto...

Como se tudo estivesse deteriorado e escamoso.

E, de manhã, tento imaginar que o espelho não está a debochar-me.

A solução adivinhada não é realizável.

E evito que falem comigo quando estou assim tão suja.

E pronto, não há droga que me termine.

publicado por Ligeia Noire às 22:18

03
Jan 08


Sinto-me triste e miserável, isto não passa e começa seriamente a chatear-me.

Estou cansada de tudo.

Cansada de olhar para o vazio.

Cansada de suportar.

Cansada de não conseguir dormir em condições.

Cansada de não poder fechar os olhos sem a cabeça se encher de problemas e decisões para uma vida que não sei se terei ou se quero.

Mas, como dizem, não há quereres ou vontades, há obrigações e sobrevivências e eu já estou sem paciência ou humor que aguentem esta merda.

Acho que nunca me apeteceu tanto diluir-me ou algo que se assemelhe.

Apetece-me parar o mundo e vaguear calmamente.

Apetece-me dormir sem acordar sobressaltada.

Sem ter, por vezes, de me levantar como se fosse para o matadouro.

Fecho os olhos e aquelas imagens, aquelas palavras, ainda estão lá.

Fecho os olhos e sei que tenho de voltar e voltar para o final é doloroso.

Não queria que esta viagem acabasse porque, no fundo, acho que nunca me adaptarei a nada.

Dói-me a garganta por estar a suster e dói-me ainda mais, a alma, por ter de dissimular, camuflar…

Chego a um ponto em que só me apetecem espancamentos contínuos porque estou farta de ser assim, reagir assim…

Já não aguento sentir-me constantemente longe.

Dói muito e eu não consigo explicar melhor.

E, apesar de ser extremamente repetitivo, a única coisa que me ocorre e dá vontade de fazer, é a de chorar desalmadamente.

 

publicado por Ligeia Noire às 11:13
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28
Set 07


Tento controlar as coisas e só recebo frieza, arrogância e um "chega para lá" indirecto.

Um cão de tanto ser enxotado acaba por se cansar de mostrar a sua lealdade e decide ir procurar comida sozinho.

E é isso que faço, escavo, deploro e pranteio sozinha porque tenho consciência de que não conseguia fazer mais e de que o meu cérebro não entendia aquela língua.

Espero que o destino se encarregue disso e a lição seja dada se eu realmente estiver certa…   

publicado por Ligeia Noire às 10:50
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