“We are like roses that have never bothered to bloom when we should have bloomed and it is as if the sun has become disgusted with waiting”.

03
Nov 13

 

Noite quase em claro com medo de que acontecesse alguma coisa como da outra vez, só tinha o outro amiguinho do outro lado para tentar fingir que nada se passava, não podia falar com o cavaleiro por vergonha, não quero que ele saiba destas coisas, não são coisas minhas, não são humilhações advogadas por mim, não podia falar com nenhuma delas porque não e pronto. Estava ali, aquele homem que toca bateria e escreve e fala coreano e é leal e desabafei com ele, enquanto esperava que o inferno subisse mas felizmente não aconteceu e os olhos agora pesam-me, gostava de sair deste medo, desta inquietude mas deixar para trás, inseguros, os que amo devolve-me ao poço.

Gostava de ser normal e ter uma vida normal.

Tenho o Elizium a rodar na aparelhagem, já sinto o cheiro da lareira acesa e penso que ele tem razão, comporto-me de igual forma quando vou para a cama, a sensação inigualável de ter algumas horas de solidão, de sono e de conforto pela frente…. É o mais próximo da morte.

Anteontem, enviei-lhe o presente, junto com ele uma caixinha, caixinha preta com floreados brancos na tampa. Enchi-a de rebuçados e vim com um sorriso tolo até casa.

Está a ser difícil chegar com a embarcação a este porto longínquo, a derradeira prova.

Quanto às outras coisas, tento fugir-lhes, falar-lhes mais alto, agarrar uma corda que de quando em vez me chega perto, de resto, de tampa fechada, continuo lá dentro, à espera de ser desembrulhada e, pode ser o Cavaleiro-das-Terras-Brancas a etiquetar-me o sabor.

 

publicado por Ligeia Noire às 12:35
música: "Elizium" dos Fields of the Nephilim
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13
Ago 12


Qual das três a mais profícua?

O primeiro estágio, a dor da menina acabada de nascer.

O segundo que invoca a necessidade de se aprender a viver com unhas cortadas, garras decepadas em vitórias que jamais existiram.

Já o terceiro é a irrealidade a comandar uma vontade de abandonar a sacada e fingir que está tudo bem.

Nós ouvimo-la nos filmes a todo o instante, a frase, o epíteto de uma existência em que as pálpebras comandam os olhos, uma miserável e triste caminhada por entre rosas só de caule.

Que mistura hã?

Eu sei, eu sei, ah eu sei, eu sempre soube.

 

Epilogue:

 

So here he lies at the last, The deathbed convert.

The pious debauchee.

Could not dance a half measure, could I?

Give me wine, I drain the dregs and toss the empty bottle at the world.

Show me our Lord Jesus in agony and I mount the cross and steal his nails for my own palms.

There I go, shuffling from the world.

My dribble fresh upon the bible.

I look upon a pinhead and I see angels dancing.

Well, do you like me now? 

 

Excerpt from The Libertine/Excerto do filme "O Libertino".

 

publicado por Ligeia Noire às 15:24
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03
Mai 11


Quero escapar-me.

Se me perguntassem qual é o meu desporto favorito, eu diria escapismo.

Pratico-o sempre que posso mas de preferência quando estou à luz do sol e à luz dos outros.

Acho que posso considerar-me uma profissional, tendo em conta os meus longos anos de experiência.

Às vezes, adiciono-lhe violência porque, como não gosto do perigo desequilibrado, me desato pela certeza do castigo em ambiente controlado e higienizado.

E isto é por mim e em mim, uma vez que não gosto de correntes e autoridades alheias, mecanizadas e planeadas.

As flores da Páscoa, que estavam sobre uma toalha de linho na mesa da sala, estão agora e ainda no meu quarto.

São rosas que picam a cada milímetro do seu caule e, não sei como dizer a cor, porque o vermelho, o cor-de-rosa e o roxo podem misturar-se.

Ainda não estão secas mas já não estão vivas.


Breathe the air through the water


Neste fim-de-semana descobri que:

- O meu sangue não é açucarado;

- A minha mãe pensa que tudo o que tem sucedido em catadupa já saiu do domínio das leis da Física.

 Tenho voltado aos pesadelos de coisas que me varrem a cabeça de um lado ao outro e, sinto-me um cão ou neste caso, uma cadela, vadia e inquinada com raiva.

Um bicho desregrado e desconsolado que se atira contra as grades do seu ambiente controlado deixando-as cobertas da saliva seivada que lhe escorre do focinho, até às garras embrutecidas.

E tudo isso é provado pelos factos pequeninos, como o de pegar naquele instrumento prateado e querer cortar todo este cabelo.

Este espécimen que aqui presenciam, sabe-se alterado quando viola aquilo que lhe é sacro.

Não me vai fazer sentir melhor mas a que tenho dentro de mim, quer me fazer ver que sim, para depois vir de dentro, sentar-se na minha garganta e rir-se da minha vontade utópica de perfeição na devastação.

O poeta é um fingidor mas eu sou uma pessoa.

Ainda faltam tantos dias para saber…

E como se me quisesses afagar a fronte fizeste acordar aquilo que melhor me adormece, a flor-selvagem.

Tenho que agradecer-te.

Como me sabes tão bem…

Ele é o escapismo em correnteza de rio precioso.

Pensei que… não, não pensei.

E que palavras ele me trouxe e de que palavras me encheu.

Sei que a estória das gavetas ainda é cal fresca mas não estou zangada.

Ele é teu filho, não o admite, não te conhece conscientemente mas é tão teu filho, por isso, nunca espero que fique e nunca guardo amarguras, porque sei que ele e eu somos de sempre e isso é melhor que ser de agora.

Foi tudo isto e é tudo isto que me escorre dos dedos enquanto tento escapar-me ao saco negro e industrial que se aproxima a passos largos.

publicado por Ligeia Noire às 01:08

22
Fev 11


Um dia destes o meu pai disse: "Morreste ao nascer"... é, acho que foi a coisa mais acertada que me disseram até hoje.

publicado por Ligeia Noire às 21:57
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08
Mar 10


Não tenho nada a que aspirar.

O peito transborda do que jamais encontrará receptáculo.

Só preciso de ficar sozinha e imaginar que adormeço sem precedentes.

A minha vida…

O que foi a minha vida?

Qual foi o propósito pelo qual me puseste cá?

Desiludi-te?

Queimei o caminho?

Não tenho ambição.

Não quero ser.

Nunca me falaste da morte em vida.

Nunca me disseste de onde veio toda esta tristeza.

Nunca me mostraste a cara.

Tu que estás, tu que és.

Tu que te desfazes em todos nós, não me deixas ir embora.

Colocas a navalha nas costas para que não possa deitar-me.

Dás-me dores que não consigo carregar.

Mas eu lembro-me bem de ter sonhado contigo.

Não sei se eras como nós, mas sei que tinhas mão e colo… e lembro-me do altar frio onde se achava a minha cabeça na qual a tua mão se depositou.

Não me lembro, ou talvez não me deixes lembrar, se falavas as minhas palavras mas sei que te entendi.

Sei que nesse sonho consegui ir-me.

E, uma vez ida, a tristeza cresceu e cresceu como se eu fosse feita de partidas.

Não me lembro de ter sentido leveza, ou liberdade.

Lembro-me de teres vindo da tua casa, que não é igual às casas, e me teres dito coisas sem palavras mas que o meu íntimo percebeu.

Lembro de me teres concedido o retorno.

Por que fizeste isso?

Esperavas que eu soubesse ser-me?

As palavras são rudimentares, parcas... e eu não me sei dizer o que tu me disseste.

Sei de ter acordado completamente avassalada com a tua presença.

É estranho ter o Supremo tão perto.

Podias ter deixado que eu me enrolasse no teu colo, só um bocadinho, somente um instante para saber o que é ser una.

publicado por Ligeia Noire às 23:07

06
Fev 07

Sinto pena de mim e quanto mais me deambulo e me vejo ao invés de olhar, mais tenho vontade de apagar isto

tudo mas que raio de ideia!!!

Esqueço-me e recomeço tudo de novo, sendo desta vez mais uma entre todos e não um novelo enrolado em si mesmo.

Mas dói tanto, que só gostava de ir para casa e depositar-me na cama e dormir, dormir e dormir até isto passar.

publicado por Ligeia Noire às 14:50
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