Bow down in position against the polished steel
Não, não retornarei ao bondage e quejandos, se bem que é tudo farinha do mesmo saco.
A historia do Year Zero dos Nine Inch Nails é a História do rumo que a humanidade leva.
Estás a ver o Metrópolis, Matrix, The Island, George Orwell, Blade Runner, enfim a porcaria do totalitarismo et cetera e tal?
Ora.
Faz-me lembrar um pouco do livro A Trança de Inês também... quem podia ou não procriar e mais uma dúzia de filmes em que se controla o que comes, em que se elimina o sexo, em que nos vestimos com fardas e em que se paga multa por dizer palavrões, o que seria de mim.
Rio a preceito.
Estaremos muito longe dessa realidade ou nunca saimos dela?
I pushed a button and elected him to office and a...
He pushed a button and it dropped a bomb
You pushed a button and could watch it on the television
Those motherfuckers didn't last too long ha ha
I'm sick of hearing about the haves and the have nots
Have some personal accountability
The biggest problem with the way that we've been doing things is
The more we let you have the less that I'll be keeping for me
Well I used to stand for something
Now I'm on my hands and knees
Traded in my God for this one
He signs his name with a Capital G
Don't give a shit about the temperature in Guatemala
Don't really see what all the fuss is about
Ain't going to worry about no future generations and
I'm sure somebody's going to figure it out
Don't try to tell how some power can corrupt a person
You haven't had enough to know what it's like
You're only angry 'cause you wish you were in my position
Now nod your head because you know that I'm right—all right!
Well I used to stand for something
But forgot what that could be
There's a lot of me inside you
Maybe you're afraid to see
Well I used to stand for something
Now I'm on my hands and knees
Traded in my God for this one
He signs his name with a Capital G
Capital G escrita pelos N.I.N.
Álbum conceptual sobre o esclavagismo moderno, sobre as mentiras em que vivemos, a hipocrisia e a periculosidade das religiões, as guerras entre facções, no mesmo pais e que são financiadas por nações ocidentais, de supostos tementes a deus e morais cidadãos.
O dinheiro, o dinheiro, a corrupção, os ismos, a lavagem cerebral constante, sob o signo do medo que permite o controlo, cada vez maior, da individualidade.
A tristeza desmedida daqueles que percebem a inutilidade de esbracejar, a inutilidade de viver.
O inimigo que muda todos os dias, ao ritmo das prioridades monetárias e estratégicas.
I should have listened to her
So hard to keep control
We kept on eating but our
Bloated bellies still not full
She gave us all she had but
We went and took some more
Can't seem to shut her legs our
Mother Nature is a whore
I got my propaganda, I got revisionism
I got my violence in high def ultra-realism
All a part of this great nation
I got my fist, I got my plan, I got survivalism
Hypnotic sound of sirens
Echoing through the street
The cocking of the rifles
The marching of the feet
You see your world on fire
Don't try to act surprised
We did just what you told us
Lost our faith along the way and found ourselves believing your lies
I got my propaganda, I got revisionism
I got my violence in high def ultra-realism
All a part of this great nation
I got my fist, I got my plan, I got survivalism
All bruised and broken, bleeding
She asks to take my hand
I turn just keep on walking
What, you'd do the same thing in the circumstance, I'm sure you'll understand
I got my propaganda, I got revisionism
I got my violence in high-def ultra-realism
All a part of this great nation
I got my fist, I got my plan, I got survivalism
Survivalism escrita pelos N.I.N.
A HBO queria fazer uma mini-série baseada no álbum, não sei como isso anda... curiosamente, depois deste hiato, que ninguém acreditou que fosse mais do que isso, um hiato, foi anunciado já existir um álbum pronto a sair ainda este ano e com a participação do grande Atticus Ross.
É estranho ver os NIN numa editora discográfica, especialmente aquela mas acho que, no final de contas, todos nos rendemos às evidências, não podemos fugir à máquina.
Já andam por aí as habituais acusações de vendido e hipócrita.
O que se entende, se pensarmos naquele Trent banhado em lama, extremamente sexual, que partia instrumentos, se espolinhava e se comportava hereticamente perante quem quer que fosse.
O gajo que tinha a liberdade de escolher entre ter ou não as veias cheias de álcool, heroína ou coca e que berrava: pigs get, what pigs deserve.
Claro que sinto saudades, principalmente porque nos rouba a esperança de fugir à máquina, porque nos diz que, pelo menos por fora, todos acabamos por conformar-nos e curvar-nos perante o aço polido .
Há três coisas inimigas do que se foda tudo: casamentos, filhos e idade.
Não há excepção, o pessoal do rock se está confortável e tem a vida organizada, não pode continuar por aí a compor cenas como Head like a hole/ Black as your soul/ I'd rather die/ than give you control porque soa deslocado ou pior, falso.
Há sempre alguma verdade no: Foda-se quando estava no esgoto e a sentir-se uma nulidade é que lhe dava a sério.
(...) but I guess it’s the story of being an artist in the way that you have to...or you’re born that way that you want to lose yourself entire in what you’re doing, you’re willing for one single successful note... you know you’re willing to give up everything for that particular moment in time. Just to be able to be reborn through a note or through a line of words .
And the search for that can be extremely haunting for a lot of people and I guess that’s one of the reasons that a lot of people end up being ...you know... mentally ill or end up committing suicide or doing too many drugs or alcohol just to...
Numb the sensitivity that comes with being an artist..
You have to keep your ears and your eyes open, all your senses open to all the possible stuff that goes on around you, you’re like a sponge sucking in all the possible information and when you’re filled with that it just bleeds out of you.
And it hopefully bleeds out in a way that you can be... it can be a cathartic process for the artist and then it can be hopefully very cathartic for the person who sees or hears the piece of art. It’s not something you’re trying to do it’s something you have to do to be able to exist I guess. That’s the reason why I do music it’s... that’s how I started; I didn’t know how to cope with the world... and then I found an instrument and through that I realized that I’m able to cope with the world and its evils a bit better through writing songs.
Ville Valo na entrevista do Digital Versatile Doom
Estes gajos não são mais do que ninguém, é por isso que detesto dizer que sou fã de alguém, odeio idolatria, sou apreciadora daquilo que fazem, admiradora, mas são tão humanos como nós, tão filhos da puta como nós, tão doces como a vizinha do lado.
Quantas vezes não vimos estes gajos a implicar com os técnicos de luz, de som, os fãs e até uns com os outros, já toda a gente conhece o feitio de merda e o egocentrismo dos artistas.
Mas ainda há por aí criancinhas que acham que eles têm de permanecer imutáveis, perfeitos e que lhes devem alguma coisa, eles dão-nos música, nós damos-lhe dinheiro: fim da linha.
Não preciso saber se ele fodeu x ou y, se gosta de morangos, se gosta de comédias românticas ou se ninguém os atura nos bastidores.
Claro que quando são artistas que guardas junto ao peito, o interesse acaba por resvalar para o lado de dentro, para a pessoa que se esconde nas letras e nos sons mas eles não te devem nada, se descobres coisas com as quais não concordas (especialmente ele, que fez o que fez até agora pela indústria musical, indústria musical, porcaria de contra-senso) o problema é teu.
Um jornalista perguntou há uns anos a opinião do Valo sobre esta cena dos músicos fazerem DVDs biográficos, ou mostrarem o seu dia-a-dia, acho que foi relativamente ao Some Kind Of Monster, ele disse que não era algo que fizesse mas que cada um sabe de si.
No entanto, ao fazerem isso estão a permitir que as pessoas entrem na intimidade deles e que seja desmistificado todo um imaginário que, invariavelmente, se vai criando à volta deles e daquilo que eles escrevem nas suas canções.
Não há mal nenhum nesse tipo de romantismos porque, mesmo que não passem de irrealidades, a probabilidade de convivermos com essas pessoas e descobrirmos que, afinal eles não têm nada de oculto ou de idealismo ou de ódio ao conformismo e que, na verdade, são uns preguiçosos, egocêntricos, bêbados e comedores de dinheiro e raparigas de peito arrebitado, é mínima.
A fantasia, aqui, justifica-se sempre, não quero saber o que fazem, nem como fazem, eu tenho, eu compus aquela imagem deles e pronto.
É quase como roubar um chupa-chupa a uma criança por prazer, maldade hã?
Acho que foi o Manson que contou ter sido levado ao concerto dos Kiss pelo pai quando era adolescente. Sendo ele um fanático pelo Gene Simmons estava mais do que extasiado, o que se desfez completamente quando o conheceu e percebeu que ele era um completo idiota.
Sim, já sei, quando a linha se desenrola no campo da música nunca mais me calo.
Homens inteligentes sabem quando é tempo de se camuflarem e minarem por dentro, tenho a certeza que o homem do teledisco da March Of The Pigs vestido de calças de vinil vermelhas e vontade de foder o mundo está ali dentro e sempre estará.
Aliás, eu sou das que gostou bastante do With Teeth e do Year Zero e das que ficou muito orgulhosa quando subiu ao palco com o Atticus para receber o Óscar, mesmo que essa merda seja o epíteto da máquina e não valha a ponta de um corno.
What?
You’d do the same thing in the circumstance, I'm sure you'll understand.
We do babe, moving on…
O Year Zero é deliciosamente dançável e curiosamente orgânico, no sentido carnal da cena, só o Trent consegue tirar da electrónica sangue suficiente para que esta transmita calor.
They're starting to open up the sky
They're starting to reach down through
And it feels like we're living in that split-second
Of a car crash
And time is slowing down
And if we only had a little more time
And this time
Is all there is
Do you remember the time we
And all the times we
And should have
And were going to
I know
And I know you remember
How we could justify it all
And we knew better
In our hearts we knew better
And we told ourselves it didn't matter
And we chose to continue
And none of that matters anymore
In the hour of our twilight
And soon it will be all said and done
And we will all be back together as one
If we will continue at all
Shame on us
Doomed from the start
May God have mercy
On our dirty little hearts
Shame on us
For all we've done
And all we ever were
Just zeros and ones
And you never get away
And you never get to take the easy way
And all of this is a consequence
Brought on by our own hand
If you believe in that sort of thing
And did you ever really find
When you closed your eyes
Any place that was still
And at peace
And I guess I just wanted to tell you
As the light starts to fade
That you are the reason
That I am not afraid
And I guess I just wanted to mention
As the heavens will fall
We will be together soon if we
Will be anything at all
Shame on us
Doomed from the start
May God have mercy
On our dirty little hearts
Shame on us
For all we've done
And all we ever were
Just zeros and ones
Zero-Sum escrita pelos N.I.N.
O álbum termina com esperança, há sempre uma réstia dela, uma verdade maior, uma rebelião, nem que seja na nossa cabeça.
Falar do Reznor é falar da gente que descobri por causa dele : Danny Lohner, o Finck, o Chris Vrenna, o Manson, o Manson, que não descobri por causa dele... na verdade, foi o oposto, mas do lado de um outro Manson, o irmão mais novo, o eterno Peter Pan.
De todo um grupo de gente criativa, que mudou a música e que nos abriu um guarda-chuva, guarda-chuva esse, que continua a proteger-nos até hoje, um guarda-chuva negro, opaco.