“We are like roses that have never bothered to bloom when we should have bloomed and it is as if the sun has become disgusted with waiting”.

10
Dez 14

I went looking for trouble
And boy
I found her...

She's in love with herself.
She likes the dark
On her milk white neck.
The Devil's mark.

It's all Hallows Eve.
The moon is full.
Will she trick or treat?
I bet she will.

She will.

Happy Halloween.

She's got a date at midnight
With Nosferatu.
Oh baby, Lilly Munster.
Ain't got nothing on you.

Well, when I called her evil
She just laughed.
And cast that spell on me.
Boo Bitch Craft.

Yeah you wanna go out
'cause it's raining and blowing.
You can't go out
'cause your roots are showing.

Dye 'em black.
Dye 'em black.

Black black black black No. 1
Black black black black No. 1.

Little wolf skin boots
And clove cigarettes.
An erotic funeral
For which she's dressed.

Her perfume smells like
Burning leaves.
Everyday is Halloween.

Yeah you wanna go out
'cause it's raining and blowing.
You can't go out
'cause your roots are showing.

Dye 'em black.
Dye 'em black.

Black black black black No. 1
She dyes'em black
Black black black black No. 1
Black No. 1.

Loving you
Loving you,
Love loving you
Was like loving the dead.

Loving you
Loving you,
Love loving you
Was like loving the dead.

Loving you
Was like loving the dead,
Loving you
Was like loving the dead.

Loving you
Was like loving the dead,
Was like loving the dead
Was like loving the dead.

Was like loving the dead
Was like loving the dead.

Loving you
Loving you,
Love loving you
Was like loving the dead.

Was like fucking the dead.

Loving you
Was like loving the dead,
Loving you
Was like loving the dead.

Loving
Was
Was

Loving you
Loving you
Loving you,
Loving you
Loving you
Loving you
Was like loving the dead.

Was like loving the dead
Was like loving the dead.

Black black black black No. 1
She dyes'em
Black black black black No. 1
Black No. 1.

Black black black black No. 1
Black black black black No. 1.

 

Type O Negative

publicado por Ligeia Noire às 15:43
etiquetas: ,

15
Set 13

 

Sabes que ferro e despedaço a qualquer momento, quando estiveres descansado a beber das águas plácidas e serenas que correm por aqui, estraçalhar-te-ei a garganta de um trago por ter sede também: brinco.

Saudades minhas?

Eu tinha, e muitas, sinto-me bem hoje e sentir-me bem é sentir as costelas, os nós dos dedos, esticar as pernas, desnudar a cintura e contorná-la, em suma é ter meneios e delicadezas de carniceiro por roupas finas.

Mãos rugosas, sim mãos rugosas a contarem-me as costelas é bom, acalmia e vai buscar a faca e beija-me.

Que fome tenho, que vontades aguçadas e desejos acres se me desaguam destas unhas rosadas.

Ia falar de Black Sabbath e o quanto gosto da simplicidade do finado Dio à circense efígie: Ozzy, talvez concluir com as minhas preferências quanto ao novo dos meus NIN mas olha quem chegou a casa de uma viagem de mochila às costas para fodas e noitadas em carpetes alheias?

Quando aquela voz daninha bate, eu só tenho é de abrir e morder-lhe as bochechas.

publicado por Ligeia Noire às 11:32
etiquetas: ,

28
Jun 13

 

Às vezes, tenho pensamentos megalómanos, como o de ser capaz () e tudo, e esse tudo ser um todo audacioso mas provocante ao cubo.

Já tenho mais dois gatos que nasceram da gata e, provavelmente, do gato preto que anda pra aí a rondar de quando em vez.

São uma mistura de preto e cinzento. Dizemos sempre que já temos muitos, que é preciso isto e aquilo mas depois ah e tal mais dois, menos dois deixa-os lá ficar, é para juntar ao resto da comandita composta pelo Tripoli, pelo A4 e pelo 3D.

Ontem esteve um calor dos diabos, e como sou uma filha-da-puta bem mandada, a minha prima arrastou-me, depois do trabalho, para comprar um vestido pro casamento da não sei quantos.

O outro, se soubesse português, se soubesse disto aqui, haveria de dizer que sou uma mentirosa e que tinha razão em achar que daria uma exemplar submissa, já lhe atestei ser um gato, não há cá condescendências, com certeza que se não estivesse nesta espécie de exiguidade, lhe mostraria o alcance dessa expressão.

Mas, falava das trivialidades ao cubo que andei a gramar com o bando de aves migratórias, sem falar no voluntariado…

Confesso que continuo a surpreender-me com a capacidade espectacular de obediência estratégica, vassalagem e dissimulação que inculco nos meus olhinhos e sorrisinho treinados, cresci bem e saudável, dei uma bela e casadoira moça, tornei-me num ser humano exemplar, capaz de ir para a guerra e oferecer a outra face no mesmo dia, vá bate-me lá palmas Supremo e toma lá um ósculo.

Hoje estou irrequieta, não tive de levantar cedo mas acordei cedo na mesma, sonhei que a bolsa medieval que mandei fazer era cor-de-rosa e fiquei zangada, trivialidades não é?

Estou com o Devotional dos Depeche Mode lá ao fundo e não consigo escrever em condições, tenho de parar porque dou por mim a menear a cintura e a escancarar os olhos quando o impossível Dave dança, há lá homem mais poderoso do que o que sabe o que faz e quando faz?

É que, sabes como é... é mais raro que diamantes, encontrar um homem a sério que saiba dançar e não pareça amaricado ou circense…

Que seja gay, hétero, bi ou o caralho, não é disso que se trata, falo daquele que sabe glorificar a essência da masculinidade, assim como, há uns séculos, os cavaleiros o faziam de espada em riste e cabelos presos em fitas.

O que já não é tão difícil de encontrar no mulherio,uma moça que saiba dançar... mas poucas o fazem elevando aos píncaros a essência da feminilidade, fazem-no sim para ritual de acasalamento, esvaziado de sangue, suor e lágrimas, é corriqueiro e lembro-me sempre de putas de berma, de olhos vazios e que fazem borlas por um risco.

Lembro-me de um amigo me ter dito que ficou estacado, estacado do tipo voyeur, a contemplar, não sei se uma, se duas, asiáticas a prenderem o cabelo meticulosa e gracilmente, é disso que falo, da colisão dos extremos, o metal e a música clássica, a morte vestida de branco, deve ser por isso que a Dita me deslumbra, desde os seus filmes soft porno de espartilho, saltos que tocavam o céu, cabelo de azeviche a consumir e a ser consumida por outras mulheres mas sempre como se estivesse a fazer a bainha de um vestido, até ao seu mais recente espectáculo opium de franja imaculada.

Mas estávamos a falar do Dave Gahan, pois é, não há ninguém que dance como ele, principalmente na fase Songs of Faith and Devotion…

Ok, ok lá vem a minha preferência por cabelos compridos e barba, os acordes da Personal Jesus ecoam e todo ele se corresponde em meneios urgentes à música que vai soando, sensualidade que lhe nasce de todo o lado, é assombroso.

Quando era adolescente, não os conhecia muito bem, sabia quem eram claro: Can’t get Enough, Enjoy the Silence, ah e pois a Personal Jesus versão do meu Marilyn Manson.

Ainda hoje não sei de qual gosto mais, até porque aquele teledisco do Manson é qualquer coisa de perfeito, muito sim.

E, a bateria e tom blasé que o Manson confere aos vocais, tornam a canção deles mas sabes como é isto da rebeldia, as papilas gustativas vão procurando os mesmos sabores mas em embrulhos mais ruins de abrir e vão-se tomando caminhos pouco comuns para pessoas que se arrastam e comem pó por negros atalhos conhecidos, mais e mais e mais... há os que precisam de ser descobertos com outro nível de maturidade, há os de amor à primeira vista, há os one night stand, ou fodas de uma noite, os blind dates e os que se desenlaçam com graça, assim como a Dita faz ao espartilho em noite de inspiração dobrada.

 

publicado por Ligeia Noire às 15:45
etiquetas: ,

29
Abr 13

 

Ante Scriptum: Oiço a Venus in our blood do Dark Light, não gostei daquele álbum a princípio, queria lentidão, peso, dor pesarosa, queria a atmosfera da For you, a lascívia da Our diabolical rapture, no entanto, fomos fazendo as pazes.

Não é de longe o meu preferido e, sendo melhor que o Screamworks e o Tears on Tape, partilha-lhes duma característica que tenho vindo a notar desde essa altura, as letras.

É curioso reparar que, à medida que a composição musical foi ficando mais up-tempo, sing-along e directa, as letras vão em sentido oposto, complexas, cheias de metáforas, simbologia religiosa, mitologia grega, referências a Poe e Baudelaire, fundura e requinte, se os álbuns inicias eram banquetes de um perfeito amor e morte enlaçados mas com letras relativamente simples e monocórdicas, estes últimos que, musicalmente não me agradam, liricamente são pérolas.

Como se fosse tudo uma piada, como se se estivesse a vê-los sentados em tronos barrocos de uma qualquer torre de pontas aguçadas, onde provam que a voz cavernosa não morreu, nem o baixo lascivo ou a guitarra arrastada, acompanhada de um piano funéreo mas não nos dão a bênção porque não querem, porque não e pronto e eu aceito, se o livre arbítrio foi o único causador, eu aceito.


Intro


Sonhei que o vestido era verde lima e amarelo limão que os sapatos eram sandálias que não serviam e que, por não querer ninguém a pôr as patas no meu cabelo, não tive tempo para o arranjar. A noiva ia descalça e de cabelo aguado, estava sol e o sono nunca mais terminava

Um pesadelo fora do meu comum.

Parvoíces de meia-noite, diga-se em abono da verdade.

O vestido será vermelho e será um fecho de ciclo.


O imbróglio de fitas e atilhos e feixes de vime onde me delibero.


Sexta-Feira:


Doía-me a cabeça mas tive de ir, só conhecia uma ou duas pessoas mas ela ia embora e eu não podia dizer que não. Quando lá chegámos, apercebemo-nos de que não era só um jantar mas uma festa de despedida, até lhes vendaram os olhos, andando com elas às voltas para que não descobrissem o sítio.

Deslocada, ya como sempre mas lá me fui acomodando.

O álcool foi fazendo as honras da casa e consegui viajar para Venus não a que decompõe mas a que está no sangue e, depois, havia aquele gajo, pois claro, já o tinha visto umas duas vezes e já ouvira falar dele trezentas.

Não era o ilustre desconhecido mas os danos e as raparigas que não deveriam ter ficado danosas com ele já compunham uma boa maquia.

Confesso que a culpa também foi minha, vem-me sempre à memória a sacada nocturna de um baile onde a dama de vestido longo abre o leque para esconder o sorriso e realçar os olhos, e fi-lo várias vezes, é o meu desporto favorito, se me desafiam e prevejo algum mérito no opositor/a, não falto ao duelo.

Era numa casa e havia o carrossel da doninha a tocar na aparelhagem:

o bilhete é só de ida -

não há regresso no carrossel

e a starlight dos ingleses, depois um house repetitivo, mais um Bob Marley a preceito e ainda um Michael Jackson caído não sei de onde, ele roubou-me do meio e dançámos, as minhas mãos no rosto dele, contornavam-lhe a boca, as mãos dele na minha cintura, subiam e subiam porque o vestido abria nas costas em lágrima e era preto, pois claro.

Os olhos, foram sempre os olhos que não deixavam o mesmo nível e, pareceram muitos minutos, quando possivelmente terão sido apenas uns segundos.

Havia gente que espreitava como as hungry black eels do Gundersen porque ele não é propriamente livre.

E eu, estou presa?

Não estou presa mas deveria estar porque já prendi o cavaleiro há muito, inconscientemente sim, mas prendi.

Eu gosto dele, eu gosto dele sim, mas sou um gato.

Fomos daquela casa de escadaria de pedra com música mais ou menos audível para uma discoteca mais ou menos odiosa, mais ou menos escorregadia.

Dançar liberta a alma, mesmo que a música não seja a ideal, se fecharmos os olhos podemos imaginar que passa a Head like a hole, ou a Bind, torture and kill e, dentro de mim passava.

Ia ajudando um rapaz doce, amigo da minha amiga a libertar a alma, dançando como uma menina de vestido cor-de-rosa e via-o lá longe por entre os outros e as outras, sentei-me para procurar, como de costume, o elástico do cabelo que me tinha caído, estavam todos bastante alterados, a minha rapariga de cabelos de trigo tinha o cabelo molhado, não me lembro porquê... pouco depois estava no carro com elas, ele conduzia, ia levar-nos a casa.

Durante a viagem ia sentindo a mão dele nos meus tornozelos, ali no meio delas, quando chegámos ele saiu do carro não sei para quê, já não me recordo sei que fui embora e eles foram embora.

Já no quarto ouvi o carro deles a regressar, tive de voltar a descer porque me esqueci do telemóvel, não sei como, a minha mala estava fechada…

Ele saiu do carro, outra vez, e, por entre frases atropeladas e rápidas e o corpo a pressionar o meu, beijou-me as bochechas, comigo fixando os olhos que lhe retribuíam a passividade, beijou-me o lábio superior, meio beijo, meia mordida.

Pareceram muitos minutos mas foram segundos, ou então era o álcool a nublar-me a rapidez do tempo.

Sabia que elas estavam lá dentro, por detrás daqueles vidros do carro e, enquanto o cabelo se desprendia pela milésima vez do único gancho que tinha, desenrolando-se pelas costas, dizia para irem com cuidado e virei costas, fazendo o resto do caminho a correr até chegar à porta de minha casa.

Todo o meu cabelo tresandava a tabaco, tirei a roupa, pus o aparelho no modo aleatório com a minha música, finalmente, e, pela altura em que ela disse que tinha chegado bem, já o sono me roubava altura às pálpebras.


Sábado:


O sol abriu a porta mas esteve fraquito a cama e eu e as missivas de um cavalheiro que me encontrou nem sei como, foram o meu entretimento. Que sentido de humor delicioso, corrosivo, sarcástico, no Domingo foi pela mesma linha, como é doce conversar a sério, com pontos e linhas entendidos na medida inteira.


Domingo:


E, esta madrugada, a flor-selvagem despertou também, levantei-me, encostei a cabeça à almofada.

Algo aqui é mais do que acaso.

É uma informação para ti rapariga do vale fundo, isto tudo mostra-te que estás a usar mais do que um espartilho, estás a enovelar-te toda.

Isto aqui veio dizer-te pelo caminho do capuchinho vermelho que, se calhar, não consegues fazer o que prometeste, se calhar gostar não chega, o Cavaleiro-das-Terras-Brancas vem aí e tu perdeste-te de sentido. Dizias ao das missivas, o do sentido de humor de banquete que, às vezes, precisas de te castigar, não sei o que ele terá entendido, mas os meus castigos são sempre duros e limpos.

Esta continuo a ser eu, livre e só eu, livre e selvagem, livre animal de montes e, só assim, deixo que me tenham.

Não precisas de espinhos e reconsiderações, digo-me, está tudo na mesma, o vestido vermelho com preciosidades negras.


Her heaven's a lie to those who threw away the key
Her god is alive and well in the heart of her beliefs
Will you condamn the river of her dreams,
Or understand the divine word she speaks?

Venus denies your seven towers above dark waters
You can't quench her thirst with the fear hiding away from the day
Venus denies you in your dark waters
The moon kissed the sun and now we hold her in our blood

Her saviour was never on a 
cross pierced with nails
Thirty pieces of silver never retraced her mistake
She'll always be free from the arms of your sins
That made you weak as your world started crumbling

Venus denies your seven towers above dark waters
You can't quench her thirst with the fear hiding away from the day
Venus denies you in your dark waters
The moon kissed the sun and now we hold her in our blood

(She's in our blood)
Venus denies your seven towers above dark waters
You can't quench her thirst with the fear hiding away from the day
Venus denies you in your dark waters
The moon kissed the sun and now we hold her in our blood
In our blood
In our blood
In our blood
(She's in our blood)

 

Lyrics by H.I.M./Letra dos H.I.M.


publicado por Ligeia Noire às 12:22

28
Dez 12


You're so sweet

Your smile
Your pussy
And your bones
You're on fire
You move me
Like music
With your style

Let me think (and you think about what?)
About girls (and what else?)
And money and new clothes (and what do I get?)
Thirty nights (uh huh)
Of violence (yeah)
And sugar to love

Come here, come here
Closer to the lung
So I can, I can
Shove her over railing

You're sweet
But I'm tired
Of proving
This love
See, you're a bore
But you move me
Like a movie
That you love

Let me think (and you think about what?)
About girls (and what else?)
And money and new clothes (and what do I get?)
Thirty nights (uh huh)
Of violence (yeah)
And sugar to love

Come here, come here
Closer to the lung
So I can, I can
Shove her over railing

Let me think (and you think about what?)
About girls (and what else?)
And money and new clothes (and what do I get?)
Thirty nights (uh huh)
Of violence (yeah)
And sugar to love

Come here, come here
Closer to the lung
Close, too close
Closer to the lung
Shove her over railing



Lyrics by Deftones/Letra dos Deftones




Mais uma estreia por aqui.

Acho que apareceste numa página, no devaneio sobre os portões do Inferno, acho que te descrevi, brevemente, como o cavalheiro por apronçar, o carinho sobrepôs-se ao que sentia na altura, muito por culpa… bem não importa.

E, é esta voz de sexo, a que anda por aqui há semanas, que me vai guiar por entre os teus meandros.

Não te procurei, foste tu.

Não te conhecia, tu sim.

O que mais gostava em ti era esse atrevimento de provocar, de menino novo que quer coisas grandes sem saber se as consegue comportar inteiras.

O teu bom gosto, não porque me querias foder mas porque escolhias bem e sabias o que pensavam e o que dar a pensar e porque foste o primeiro que, sendo mais novo do que eu e assim tão delicado me convenceu a demorar-lhe as pestanas nas bochechas…

Sabes, são características que até agora nunca me aliciaram.

No entanto, vejamos: não sei se tas perdoei ou se elas, em ti, faziam sentido porque as usavas direitinhas.


-porque ele quer e senta e indaga com segundos sentidos.-


Sempre achei que a delicadeza superficial te vinha da casa em que o sol rebentou quando nasceste, disse-to várias vezes mas sempre deixei o esclarecimento para depois, assim como todo o resto.

Isso amofina-me.

Como perceberás, não podia explicar-to assim desta maneira.

Não sei se ainda estávamos em caleiras diferentes ou se não queria estragar o teu galanteio e a minha conquista matreira.

 Apanhei-te a meio do teu caminho e agora posso dizer que meia parte de mim te queria brincar e a outra parte deixar que brincasses.

Chegaste perto do cabelo a primeira vez.

Sim, eu lembro-me.

Deixa-me embrulhar-te numa palavra bonita...

A maior parte das vezes em que falavas eu não conseguia erguer a atenção acima da tua boca.

Acima de tudo, o sorriso que me rasgavas sem que eu quisesse, só porque aparecias ali, perfazia o chocolate que me derretia na boca.

Adorava provocar-te e tu adoravas ser provocado, menino bonito de estufa, se te coroasse de flor não seria com intuito metafórico, como o outro.

Mas teria de pensar nisso quando estivesse com as veias mais vazias, qual delas?

 Qual dessas flores te poria na lapela do casaco… Amor.

Adoro chamar-te de amor, sinto a transgressão a acometer-me.

Sinto-te sério a ouvir-me dizê-lo, isto se a tua alcateia te rodear agora mas tu és assim duplo, espelhado.

Feito de uma vontade premente e um desejo de saltar o muro, sabes, a relva é mesmo mais verdinha do lado de lá.

Anda São Tomé.

Queria, acima de tudo, corromper-te, manchar-te a boca de dentadas calculadas.

E depois?

Conseguirias continuar nessa tua linha direita?

Amor?

Não era por causa delas, nem lhes queria saber das suspeitas, era apenas por ti e pelo desejo.

Colocar-te o meu corpo em segredo e depois ver-te a construíres mentiras em conluio com as tuas mãos ainda usadas.

O Homem tem o mimo de pressentir se há laços a criar, logo à primeira vista, nada de amor e essas bacoquices mas vontades, atracções só porque estão ali e, sim, só porque estão ali e houve e em grande soma.

Isto é tudo engraçado, há aqueles que estão apaixonados por mim ou melhor apaixonados por uma de mim e eu… resvalo-me para estes braços.

Acho-os e as, todos doces e, os que não estão cheiinhos de sacarina, também me tocam a vontade.

Mas estamos a falar de ti meu rapaz delicado a quem nunca olhei a proibições, estavas amuralhado mas eu não.

E tu gostavas disso em mim, da minha liberdade de ser, sentir, olhar, beijar, a minha liberdade de gata.  

 Ri com vontade e quis provar-te os pontos e as cruzes onde essa tua liberdade picava ponto, essa liberdade solta que aparentavas aos de olhos incautos.

Tiveste medo de mim, às vezes, eu sei.

Bem, não foi só provar-te que me querias mas deliciar-me também, nem tudo era pensado, às vezes parava nos teus olhos e havia coisas de alagar atrás deles.

Amor.

E fui eu que não quis e fui eu que não bebi do teu copo.

Lembrei-me de ti, sabes porquê, eu sei porquê.

Deixei-te a meio do caminho, ainda és novo.

 

publicado por Ligeia Noire às 03:17
etiquetas: , ,

18
Jun 12


Tive de gramar com duas horas de não-música e gente feia para ouvir e baloiçar pela ambiência de, menos de meia hora de acordes agradáveis tocados por senhores barbudos.

Fomo-nos sentar na escadaria onde já estava a rapariga de cabelos loiros e o outro que a quer papar, depois, do nada, chegou o oficial da dita e, aí credo, lá fui eu lançar folhinhas de oliveira e lembrá-lo de quão estrelada e agradável estava a noite.

Resultou lá, agora, talvez, se tenha desnudado a oliveira toda...

Bem, na verdade, até foi divertido, pouco me importei, ah que má sou.

Ainda estás aí?

Estou a ficar triste, estão a acorrer as gotas de chuva para dentro dos casulos verdes.

E aquele rapaz que anda por aqui, por certo mais novo do que eu mas que belo, mas que belo sim.

É tão belo na sua certeza, no mundo de terra firme do qual se rodeia, a sua segurança e altivez ainda o fazem mais belo e olha como um gato desconfiado para mim, o rosto de barba tenra e as mãos de pianista que aposto nunca terem tocado num piano.

Como se eu quisesse saber daquilo que o faz por dentro, só me interessa a pele de narciso que o veste e, interessa-me ainda mais, porque ele a sabe e a coaduna com olhos de violência e braços capazes de oferecer colisões em paredes gélidas a horas docinhas.

Sim, porque seriam horas irrepetíveis e na orla do penhasco.

Atesto, pois.

O mancebo inspira-me e instila-me à loucura da, outrora vienetta em corpos femininos, no jogo do "perdes sempre".

Ora vamos lá ver se consigo lapidar:

É apenas e só o desejo puro e animalesco de luxúria que não quer ser presa ou continuada.


publicado por Ligeia Noire às 22:07

27
Mai 12

 

I


É preciso saber gerir a sede, pelo menos a percepção que os outros têm dela, é preciso parecer lilás aos olhos do dia para ser digna da mais negra bênção no desaguar da noite.

É por isso que jamais gostei de vampiros espalhafatosos.

Não quero que me saibam as vontades, os detalhes, as doses, a ruína das necessidades e dos desejos.

Se descobrir que é a dama de paus que seguras junto à boca, com essas unhas inumadas e, mesmo assim assumir que quero ser jogada em tabuleiro aberto, o que faz isso de mim?

Se eu me quiser talhar, dessubstanciar, recortar, terei direito ao anonimato nos teus dias?

A Maria vestida de vermelho, como não poderia deixar de ser, estava ajoelhada na erva do pastoreio com um cordeiro bem branquinho ao colo. 

II

 

"Vais sempre menina. Vais sempre e eu só tenho de esperar que voltes, eu uivo"

Aprazi-te assim?

Foi do teu gosto que me deixasse espalhada e confundida no meio de malmequeres bravos?

Não há perfume igualável.

É dali que se sobe e é dali que se começa.

Percebi a oferta não pronunciada e aceitei-a sem to dizer.

Já oiço o teu escárnio daqui, já oiço os teus olhos a derramarem risos absurdos para cima de unhas ao nível dos lábios…

"Não estavas absorta pelos vales e silvados do sujeito demorado? Não era ele a tua musa, o teu espaldar de racionamento?" 

Ah Sangue bravio... não foi, não foi, não poderá jamais coadunar-se comigo.

Sou suja demais para ele, continuo a mergulha-lo mas não o posso beber.

Somos substâncias imiscíveis.

Pranteio mas não posso refazer-me para que ele me consiga afagar o cabelo.

Continuo e prossigo no negro azeviche do meu ninho.

Reconheces-me e reconheço-te dentro da mais pura negritude porque somos bichos de beiradas de precipícios.

O meu arco também é vermelho. 

 

Drink up sweet decadence
I can't say no to you
And I've completely lost myself and I don't mind
I can't say no to you 


(...) So take care what you ask of me... 

 

Excerto de Good Enough dos Evanescence/Excerpt from Good Enough by Evanescence

publicado por Ligeia Noire às 18:32
etiquetas: ,

11
Abr 12


I’m not man enough to be human

but I’m trying to fit in

and I’m learning to fake it


Don’t ever meet their friends

It tells you too much

or not enough

or worse

exactly the wrong thing

every nuance

every detail

every movement

every smell

sound

phrase

the way she laughs

these are all the things that you either obsessively fetishize

or make yourself grow to love

although you are supposed to be done growing

she is still growing

its like a garden with two flowers

one just blooming and casting a shadow

just like yours

and then it becomes a struggle

of sunlight

or rain

or weeds

 

She and every she

is doomed to be your idea of her

she and every she

is doomed to be your idea of her


I’m not man enough to be human

but I’m trying to fit in

and I’m learning to fake it

but worse so,


back to the point

you are no longer the flower

and the sun

and most importantly the garden

or the gardener

a muse

your amusement

I am used

its all ruined if you meet their friends


she and every she

is doomed to be your idea of her

I’m not man enough to be human

but I’m trying to fit in

and I’m learning to fake it


you never wanted to share

your concept of your creation

with any other gods or worshippers

your book isn’t burned

it was never written

your book isn’t burned

it was never written


I’m not man enough to be human

but I’m trying to fit in

and I’m learning to fake it

 

Lyrics by Marilyn Manson (credits: MansonWiki)/Letra da autoria de Marilyn Manson (cortesia de: MansonWiki)

 

Post Scriptum: Flores.


publicado por Ligeia Noire às 18:10

28
Mar 12


Vai demorar dama de paus, vai demorar até o sol cair de cansaço.

Barba cerrada e agreste, por pulsos e mãos pequenas, abertas e de dedos estendidos.

Vale a pena enquadrar o obreiro?

As mãos grandes e rugosas constrangendo as mãos claras e obedientes.

Colheu-lhe o queixo com a boca e segurou-lhe as pernas brancas junto aos braços de muitos anos.

Cabelos densos e escuros, os cabelos dele... compridos e doseados a cada movimento coordenado.

Recolheu, da cesta de palha velha, duas pedrinhas de sal e, com unhas compridas e aguçadas, depositou-lhas nos lábios que ela apressou a sorver.

Haverá o dia de amanhã?

Sabes quando comes um rebuçado de mentol e ficas com as vias respiratórias demasiado limpas e susceptíveis?

0,3,7 Pescoço flagelado e dentes acamados nos lábios de zimbro.

Com os dedos compridos e gelados contou-lhe todas as costelas, enquanto ia proferindo os números em voz assaz monocórdica.

Langorosamente deixou que todo o seu peso se depositasse no recebimento que ela lhe mimoseava.

Tomou-lhe as tranças, as tranças de rapariga e desviou-lhas do peito, parou.

Os dias de afogamento em lagos sujos.

Olhos, olhos grandes e fundos e de pestanas compridas, olhos escuros, olhos sem cor, ali parados como águas doentes.

O que é que foi? Perguntou, baixinho, a rapariga de tranças que caiam pelas costas.

E inclinou-se, as tranças caíram-lhe pelo ventre, inclinou-se mais e com as mãos juntas guardou o rosto severo dele junto à boca.

Desceu-lhe até aos lábios fechados, depositando um beijo morto, como quem deposita um lírio roxo, numa campa fresca, numa campa que não conhece, só pelo leve prazer de observar a flor que explode de cor, no mármore frio e anoitecido.

Os braços de mãos rugosas tomaram-lhe o corpo pequeno e deitaram-no no colo, o obreiro escondeu a rapariga como se fosse uma gaveta de madeira de cedro.


publicado por Ligeia Noire às 17:41
etiquetas: , ,

30
Jan 12


Há um jovem cavalheiro de tez acetinada e cabelos doirados que conheço de obrigatoriedades sociais e, com quem troco palavras funcionais, há uns oito anos.

O senhor desperta-me a curiosidade para planaltos nevados e há em mim vontades agrestes de o interpelar com palavras mimoseadas.

Canso-me da brevidade e canso-me da longitude que ele institui no corpo mas que se desfaz na pungência que se lhe desagua nos olhos.

Gostava de o encontrar longe da ânsia dos dias, gostava de abrir-lhe o leque em longos passos de dança.

Aprazer-me-ia, bastante, ver-lhe os olhos à noite, fora do controlo rotineiro, aliás, induzi-lo a tal seria ainda mais divertido.

Brincar muito, de forma a roubar-lhe o sustentáculo, as regras, as indumentárias de régua e esquadro.

Que doçura seria roubá-lo da seriedade e servir-lhe copos de vinho a pedido.

Vejo para além daquilo que mostrais, meu caro senhor, a curiosidade dos vossos olhos e os passos coordenados com que rondais a dama de paus, cativam-me o gosto.


publicado por Ligeia Noire às 22:09
etiquetas: ,

mais sobre mim
Agosto 2015
Dom
Seg
Ter
Qua
Qui
Sex
Sab

1

2
3
4
5
6
7
8

9
10
11
12
13
14
15

16
17
18
19
21
22

23
24
25
26
27
28
29

30
31


Fotos
pesquisar
 
arquivos