“We are like roses that have never bothered to bloom when we should have bloomed and it is as if the sun has become disgusted with waiting”.

21
Abr 13

 

Sigillum Diaboli


I can't see your sad face in your pitiful lies
Don't have the strength to carry your heavy load of life
I'm your christ to die on you
This world's not for us and you know it as well as I do

 

And I can see through your lies, spill your tears on me
I will lift the burden from your shoulders, you just have to believe
I'm your christ to die on you
This world's not for us and you know it as well as I do
Oh, as well as I do
Just as well as I do
Oh, as well as I do
So, I'm your christ to die on you
This world's not for us and you know it as well as I do

 

Oh, so you've come for more
and you say you want it all
and I cute myself for your love
I'm killing myself for you, yes you

 

And I can't see your sad face, your pitiful lies
Don't have the strength to carry your heavy load of life
I'm your christ and I want you
This world's not for us and you know it as well as I do

 

Yes you do
Yes you do, my Darling
Oh yes you do..
Yes you do, oh my Love.

 

One of the many lyrics' version of Sigillum Diaboli by H.I.M./Uma das muitas variações da letra da Sigillum Diaboli dos H.I.M.

 

Ainda me lembro quando descobri esta canção no computador da Marijuana mas sabia bem que não era dela, era do garoto que conheci por lá, era mais novo do que eu e tinha os mais belos olhos verdes que já havia contemplado num ser humano, de cabelos negros e pele leitosa, infortúnio o meu ao saber que ele tinha um fraquinho pela loira que chegou uns tempos depois e, nem eu nem a rapariga acima fomos contempladas, apesar dela o assediar constantemente com o seu corpo voluptuoso ao saber da minha paixoneta.

Acabei por me ir afastado, cada vez mais, do lago pardacento e, em verdade te digo, ele era apenas mais uma das minhas deambulações.

Mais tarde vim a aperceber-me de que éramos imiscíveis, que o intimidava e que, afinal, ele era o meu perfeito oposto e, pronto, lá se foi o meu capricho.

Tenho de juntar a Marijuana à lista de coisas de que tenho de falar no futuro, essa rapariga foi responsável pela minha cedência que deu em namoro com o resgatador de rapúnzeis… aliás, aqui há uns tempos ele veio perguntar-me se eu gostava de mulheres e se isso era a causa de a nossa relação ter acabado.


Arlequim chocalha os guizos e salta para o meio da sala.


Nunca percebi muito bem a razão pela qual ela lhe foi contar que se sentia arrependida de não ter ido mais além e que ainda hoje se pudesse não pensaria duas vezes.

Gostava de me desafiar, a pequena, mas dessa sabia eu que não reinava perigo, confesso que se não tivesse ido embora teria provado vienetta comigo e com elas, mas foi e partiu-se ali qualquer coisa.

Ela era diferente da rapariga-que-tem-nome e da de cabelos de trigo, era a popular, toda a gente gostava dela, tinha feições atraentes, mamas pesadas, cabelos lisos e escuros, olhos igualmente escuros.

Não era misteriosa e inesperada como a rapariga-que-tem-nome, nem doce e aventureira como a de olho azul.

Queria imiscuir-se, queria atenção, não era má, era uma menina.

Engraçado ele ter-me querido sondar com isso depois de ter falado com ela, claro, era mais uma esperança, uma decisão mais fácil de aceitar do que o "nunca senti mais do que carinho por ti", ora Supremo... há pessoas que preferem bater com a cabeça só porque sim, é claro que ele nunca conseguiu entender o motivo, é claro que para ele seria mais fácil conceber que eu fosse um carreiro unidireccional, do que carreiro sequer e, por isso, o ter deixado de espada desembainhada e cavalo arfando.

Tive de rir e rindo lhe dei a minha resposta.

Mas ia eu dizendo que, na altura, achava que possuía e conhecia tudo o que os garçons dos mil lagos haviam gravado... ao descobrir esta pérola: brancas e insufladas flores se verteram de mim, mais não me seria pedido, pois claro.

E, não seria de todo insensato da minha parte atestar que, talvez, tenha sido por causa desta música que achei os olhos de lago musgoso e a pele leitosa uma praticável parelha.

Olha que não é assim tão disparatado, são os detalhes, os adornos, as personalidades bordadas que dão forma a pelos enriçados e desejo a lábios molhados.

Houve um jantar lá, acho que não havia pratos que chegassem, tínhamos de fazer pouco barulho porque os senhorios deles moravam por cima e não era permitido meninas por ali.

Juntámos todas as bebidas que eles tinham e com dois copos de shots e palitos fomos trabalhando a roda do destino.

Lembro-me de nos termos escondido debaixo das camas e lembro-me de eles nos acompanharem a casa, estavam pontilhadas estrelas no céu e o de olhos verdes insistia no facto de não estar bêbado, embora lhe fosse bem difícil manter a caminhada alinhada, o rapaz alto parou e sentou-se no banco de uma paragem de autocarro e vomitou, uns querem ser diferentes, bizarros, o nosso amigo era o solitário desde sempre, apesar de o pessoal se meter com ele, acho que só quando veio parar ali se sentiu verdadeiramente acompanhado.

Não me recordo de mais nada dessa noite.

A maior parte das vezes íamos para o monte, um sítio demasiado belo, nocturno e perigoso, o carro era periclitante, nós não tínhamos medo, foi nesse grupo que conheci um rapaz que tem o mesmo nome da flor selvagem, foi ele que me disse que os Audioslave tinham acabado e que me emprestou o Out of Exile.


Andar, andar, rir e andar e beber.


A última vez que saímos, lembro-me de pouco, era aquele bar de véus decorado e jogávamos ao nosso jogo acriançado preferido, foi divertido, éramos nós e a noite e a liberdade.

Haveria muito para dizer mas estou aqui pela música.


You're under pressure baby 
Christ has returned, he's returning...

publicado por Ligeia Noire às 23:26
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13
Dez 12


Conheço Pink Floyd como qualquer pessoa conhece Pink Floyd:


Comfortably Numb;


Wish you were here;


Another brick in the Wall (a parte dois, claro);


Já tinha experimentado há uns anos mas não, não estava preparada para descobrir a beleza sem passar pelo labirinto.

Darem-me, assim, coisas belas de bandeja é pedir que desconfie e eu desconfiei.

Por que me lembrei eu disto?

Bem, tudo começou com um cavalheiro de cabelos ruivos encaracolados e olhos azuis, pertencente a uma banda lá p'ra terra dos Bretões.

Já nem me recordo como descobri os Anathema, deve ter sido aquela ladainha das cerejas, mas para uma pessoa com o meu historial, já era mais certo do que corte de guilhotina, o tanto que me iam roubar o coração e das mais descaradas formas!

Esse cavalheiro ruivo é um músico que aprecio muitíssimo, desde os concertos acústicos que faz por aí com a dona de uma das mais belas vozes que já ouvi, a lindíssima, de todas as formas, Anneke Van Giersbergen, até à amizade com o escandinavo duplo v, chegando ao seu tesouro: os perfeitos Anathema.

Escusado será dizer que, aquando do mais recente concerto que por cá fizeram, delirei quando soube que lá iria pôr as patinhas.

 Na entrada para o recinto, qual não foi a minha surpresa quando vejo esse mesmo cavalheiro sereno e despercebido encostado ao autocarro de digressão, a ouvir música via auscultadores num desses aparelhitos modernos.

Ninguém na fila o tinha reconhecido ou se apercebido.

Mas como apreciadora de cabelos que sou, mesmo antes de lhe ver o rosto, já os cabelos me tinham chamado a atenção e, claro, quando levantou os olhos azuis e confirmei com os meus… foi mais um daqueles momentos docitos que qualquer apreciador profícuo de uma banda gosta de guardar consigo….

Ora, deixemo-nos de mariquices e continuemos, quando não estamos lá para degustar o nascimento de bandas que mudam o mundo, nem tudo está perdido, provámos da boca e mãos e alma dos que lá estiveram a magia toda.

É tudo uma constante fruição, lei de Lavoisier.

O cavalheiro em questão gosta mesmo muito de Pink Floyd, basta conhecer a música que faz para se perceber a extensão da cena… e foi assim que voltei ao caminho onde tinha deixado os senhores cor-de-rosa à espera.

Ainda sou uma menina muito, muito pequenina nisto mas já não lhes sei volver.

E, neste começar delgadito, comecei por aprender que há coisas bonitas que nem sempre estão no centro de um labirinto, embrulhadas em celofane.

Às vezes, estão ali, quais cerejas pendentes do céu, à espera que olhemos para cima e as colhamos.

O que é meu é muito meu.

 

Hello?

Is there anybody in there?

Just nod if you can hear me.

Is there anyone at home?

Come on, now,

I hear you're feeling down.

Well I can ease your pain

Get you on your feet again.

Relax.

I'll need some information first.

Just the basic facts.

Can you show me where it hurts?


There is no pain you are receding

A distant ship, smoke on the horizon.

You are only coming through in waves.

Your lips move but I can't hear what you're saying.

When I was a child I had a fever

My hands felt just like two balloons.

Now I've got that feeling once again

I can't explain you would not understand

This is not how I am.

I have become comfortably numb.


O.K.

Just a little pinprick.

There'll be no more aaaaaaaaah!
But you may feel a little sick.
Can you stand up?
I do believe it's working, good.
That'll keep you going through the show
Come on it's time to go.

There is no pain you are receding
A distant ship, smoke on the horizon.
You are only coming through in waves.
Your lips move but I can't hear what you're saying.
When I was a child 
I caught a fleeting glimpse
Out of the corner of my eye.
I turned to look but it was gone
I cannot put my finger on it now
The child is grown, 
The dream is gone.
I have become comfortably numb.

 

Lyrics by Pink Floyd/Letra da autoria dos Pink Floyd

 

 

Post Scriptum: that makes two of us, confortavelmente dormentes enquanto o Mundo decai.

 

publicado por Ligeia Noire às 15:10
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27
Abr 12


Gosto de ir à varanda durante a noite, é tudo tão... inofensivo.

Quando sinto aquele impulso para escrever, o meu estômago transforma-se num borralho e preciso encontrar um canto escuro e solitário para onde possa espalhar todas estas brasas.

Não estava apaixonada mas gostava muito dos passeios que dávamos pelas ruas.

Tudo era tão sem tempo, belo, silencioso, calmo, fantasmagórico: o poder da noite.

Eu, por certo, lhe parecia mais bonita, mais poetizada, ele parecia-me o mesmo, o Cavaleiro-das-Terras-Brancas.

Agora, que olho para a rua deserta e para as rosas em flor, lembro-me de como me dava saúde conversar com ele.

Naquelas noites, foram sempre noites, tudo se tornava mais nítido, o meu olho esquerdo não conspirava em teias-de-aranha contra mim, as pessoas que passavam eram fantasmas, as casas eram ruínas abandonadas e riamos muito, tanto que pareceríamos, por certo, bem-aventurados.

Nunca me foram ofertadas tantas rosas, acho que só me ofereceram rosas uma vez, não me lembro do nome do rapaz, sei que era francês e amanteigado e da rosa...

Ah!

Lembro-me bem, escarlate e deliciosa como cerejas.

À parte disso, quem me oferece flores, frequentemente, é a minha mãe, que em si é uma flor (se não fosse verdade, pareceria ridículo escrevê-lo), rosas, dálias, japoneiras, copinhos… enfim, leva-mas ao quarto quando riem ao sol, quando não quero comer de manhã ou quando estou atafulhada nos livros.

E ele… ele ofereceu-me várias.

Ele, que me conheceu num corredor longo e que, curiosamente, me voltou a encontrar numa sala branca.

Foi do vestido, disse ele e do cabelo concluiu.

Uma das coisas boas de se vestir o que se é, é não perdermos tempo precioso separando o trigo do joio.

Antes mesmo de o cavalheiro abrir a boca, já lhe sabia muitas coisas e ele de mim, por certo.

E eu, que até gosto de brincar, desta vez recuei passos largos, como um caranguejo vermelho.

Os cabelos longos de espigas e a claridade de cetim dos olhos foram costurando e costurando rendas que eu não queria, de forma nenhuma, estragar por vestir.

E a lua, que brilhou tantas vezes por entre todas aquelas árvores ou as cascas que esmigalhava debaixo dos meus sapatos e também o vento que me secava o cabelo, criavam cenários favoráveis a que as vestisse.

Não eram apenas as mãos alvas, as cúmplices das rosas que ele me escondia atrás das costas, eram também os lábios que declamavam poemas enquanto caminhávamos.

Falávamos muito, falávamos de muita coisa, de assuntos mundanos, da terra dele, da minha, de coisas belas e também da "dor de pensar", do sono para sempre e da inutilidade de existir.

Um dia, também lhe falei de ti, não lhe disse que eras tu, assim como se fosse -tu cá, tu lá- mas falei-lhe de ti e ele sorriu como se sorri das estórias de príncipes e princesas, acho que era tarde, claro que era tarde, e chovia chuva fria.

Pelo meio de todas aquelas frases minhas, que não posso escrever, sorrateiramente e, depois, majestosamente, um gato, de luxuriante pelagem negra, salta do muro e caminha pelo átrio à nossa frente, desce as escadas e desaparece pelo jardim.

Eu sorri de olhos e boca, como sorrimos das existências secretas, da flor roxa e bravia que cresce no monte, longe de tudo mas que não deixa de ser flor roxa que cresce no monte.

Meu bom amigo, meu querido, jamais me senti tão lisonjeada e assaz cortejada, temo que me tenhas vestido, tu mesmo, a renda que teceste.


publicado por Ligeia Noire às 00:35

30
Jan 12


Há um jovem cavalheiro de tez acetinada e cabelos doirados que conheço de obrigatoriedades sociais e, com quem troco palavras funcionais, há uns oito anos.

O senhor desperta-me a curiosidade para planaltos nevados e há em mim vontades agrestes de o interpelar com palavras mimoseadas.

Canso-me da brevidade e canso-me da longitude que ele institui no corpo mas que se desfaz na pungência que se lhe desagua nos olhos.

Gostava de o encontrar longe da ânsia dos dias, gostava de abrir-lhe o leque em longos passos de dança.

Aprazer-me-ia, bastante, ver-lhe os olhos à noite, fora do controlo rotineiro, aliás, induzi-lo a tal seria ainda mais divertido.

Brincar muito, de forma a roubar-lhe o sustentáculo, as regras, as indumentárias de régua e esquadro.

Que doçura seria roubá-lo da seriedade e servir-lhe copos de vinho a pedido.

Vejo para além daquilo que mostrais, meu caro senhor, a curiosidade dos vossos olhos e os passos coordenados com que rondais a dama de paus, cativam-me o gosto.


publicado por Ligeia Noire às 22:09
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17
Jan 12


Não é que me doa a cabeça mas ando a atulhá-la sem responsabilidade e não lhe dou tempo para que arrume tudo em gavetas.

Sinto-me um pouco fraca e muito… muito cansada, cá dentro.

Hoje o medo abateu-se sobre mim, como uma ave de rapina, pensei que se devesse às coisas que luzem ao sol mas continuei com ele agarrado à tiróide, como catarro.

O quarto está frio e os pulsos estão porosos, deitei-me um bocado para esvaziar as entranhas e devo ter dormido uma hora pequena, sonhei com coisas escuras e pessoas efémeras.

Acordei com os salmos dos Les Joyaux de la Princesse mancomunados com os Death in June, que à semelhança dum remoinho, volteavam e volteavam, abrindo uma porta na noite escura.

E preciso de escrever.

Há uns tempos, a senhora de negro disse que ao longo da sua vida encontrou alguns raros com quem nunca trocou uma palavra mas com quem sentia um entendimento mútuo, apenas pelos curtos cruzamentos de olhares.

Olhares de entendimento.

Quando li isto, há alguns anos, não compreendi como alguém podia passar anos a ver uma pessoa, com a qual sente empatia, e não falar com ela, porquê?

Hoje compreendi e, curiosamente, sinto uma satisfação mansinha.

Isto foi-se sucedendo sem que me desse conta e quando me apercebi, sorri.

É espirituoso, não é verdade?

Refunda à não existência de acasos.

Há uma senhora, na minha escola, um pouco mais velha do que eu e uma rapariga, onde vivo, um pouco mais nova.

Ambas exercem o seu fascínio sobre mim.

Vejo-as, ocasionalmente, desde que entrei neste circuito.

São ambas muito bonitas, discretas e reservadas.

A mais velha tem os cabelos compridos ondulados e a mais nova tem os cabelos curtos e vastos.

Lindos, lindos cabelos de carvão.

A dama emana uma calma, equilíbrio e temperanças que me atravessam de um lado ao outro.

No entanto, tal como as sirenas dos gregos e as águas dos lagos, que placidamente aguardam pela lua, haverá, pela certa, mistérios que são só dela.

A donzela é o exemplo de moça que cresceu antes do tempo, ri sem esboçar sorriso, gentil, delicada, espirituosa e que bela e graciosa atravessa a rua.

Mulheres tão detalhadas, delicadas como diamante.

Cruzei-me com as duas hoje.

Dei conta das vestes longas da senhora a abandonarem um corredor e deparei-me com a figura de alabastro da donzela a espelhar conversas no átrio.

Cruzámo-nos nos olhos várias vezes, o entendimento atravessa-me e falámos sem falar.

Já me disseram muitas coisas e eu gosto muito disto, gosto muito de observar e gosto, mais ainda, de ter momentos de entendimento e compreensão sem dizer uma única palavra, como se tivesse subido uma caleira e pudesse espreitar por cima das nuvens ou, descido duas, e fosse visitar a barriga da Terra.

E, ao contrário do que achei no passado ao ler o texto da senhora de negro, jamais lhes quero falar, não preciso e alagaria tudo.

Que rudimentares me parecem estas palavras para descrever tais singularidades.

É tão engraçado quando nos apercebemos de que temos almas que nos brotam dos olhos.

Almas que já viveram e vivem outros mundos.

publicado por Ligeia Noire às 21:10

25
Mai 11


Sempre me conheci a escrever, sempre me conheci melhor pelo que escrevo.

Ora, vamos lá, ao ponto de situação.

Possivelmente, o Frankenstein apareceu na janela mas numa janela que só existia na minha cabeça… não podia ser ele ou então é uma besta e isso significa exactamente o mesmo.

O tema deste devaneio veio ter comigo em boa hora e, hoje, fiquei a olhar para o título uns bons minutos.

E a verdade é que, as quatro pessoas que sou, estão a mirrar, uma delas até vê uma teia de aranha num dos olhos, teia essa que foi responsável pela descida, a pique, novamente.

O senhor de barbas, nos braços do qual eu desfaleci, disse para fingir que não existia mas é assaz complicado para uma moça como eu. 

O senhor de barbas brincou comigo, fez-me sorrir.

Talvez, mais tarde, fale da teia que uma das minhas pessoas vê, ou talvez não.

O senhor de barbas fez-me lembrar outros senhores de barbas, por exemplo, o meu antigo professor de geometria descritiva, ambos cheios de livros nos anos que os compõem mas, também, cheios de palavras simples e olhos que vêem.

Gosto de senhores de barbas, fazem-me sentir junto de ti Supremo, fazem-me pequenina e comporto-me como tal, involuntariamente.

Essa minha pessoa prefere a escuridão mais do que nunca porque, a teia de aranha que lhe assusta a vista, esbate-se ao entardecer... a ironia.

Essa minha pessoa violou um dos seus mais sagrados adornos.

Hoje, olhou-se e já não sabe se está, do lado de cá ou do lado de lá, da linha vermelha.

A segunda pessoa de mim, aquela que usa a domino, assentiu que não gosta de ninguém mas como isto ainda agora acabou de ver a luz do dia, cobrindo-se ainda de sangue, tem de se esperar e limpar com cuidado, para não cair no erro de se usar de demasiada violência e, claro, apurar a metáfora.

A minha terceira, aquela que me acho, está preocupada com a perfeição do corpo e por isso dá passeios ao luar por entre constantes vislumbres do que poderá vir a segui-la.

A minha quarta pessoa, deve foder as contas ao diabo e foder as percepções aos que a querem navegar nos olhos.

Às vezes, é doloroso percebermos que nos distanciamos tanto, mas tanto dos outros, que eles deixam de falar a nossa língua.

Hoje, enquanto ia a correr com todas as minhas pessoas, senti uma tristeza do tamanho das coisas por medir e senti medo, medo misturado com saudade, saudade de não ter consciência daquilo que sou e daquilo que sonhei ser quando tinha tranças e meias de renda branca.

Ainda uso tranças mas nunca mais pude sonhar ser mais nada.

A dor de pensar, a puta da dor de pensar.

Curar as feridas com beleza e quão bela é esta composição, sangra beleza e sangra coisas simples, coisas humanas, coisas da dor de pensar:

      

And all that could have been


Breeze still carries the sound

Maybe I'll disappear
Tracks will fade in the snow
You won't find me here

Ice is starting to form
Ending what had begun
I am locked in my head
With what I've done
I know you tried to rescue me
Didn't let anyone get in
Left with a trace of all that was
And all that could have been

Please
Take this
And run far away
Far away from me
I am
Tainted
The two of us
Were never meant to be
All these
Pieces
And promises and left behinds
If only I could see
In my
Nothing
You were everything
Everything to me

Gone.. fading..
Everything...
And...
All that...
Could have been...
All that could have been. 

Please
Take this
And run far away
Far as you can see
I am
Tainted
And happiness and peace of mind
Were never meant for me
All these
Pieces
And promises and left behinds
If only I could see
In my
Nothing
You were everything
Everything to me

 

Letra da autoria de Trent Reznor/Lyrics written by Trent Reznor


publicado por Ligeia Noire às 01:38

29
Out 08


Os olhos... sempre os olhos.

Aqueles que eu vi.

Aqueles que me viram.

Aqueles que não precisaram de palavras.

Aqueles que conturbaram a nudez da minha alma envelhecida.

Aqueles que eu julguei puros.

Os teus olhos que ainda andam por aqui, pela noite em que durmo.

Sei que te vi, eu sei que é verdade.

Sei que tu me deixaste ver.

Sei que foi verdade.

Podes ter-me deixado cair sozinha mas eu tenho a certeza desse resquício de lucidez.

Essa verdade que nos encobriu naquele silêncio tão doce, tão perdido.

Tu não falavas.

Olhavas-me e olhavas-me.

E eu escondia-me no teu corpo.

E o teu corpo escondia-me.

E ficávamos assim, escondidos e segredados e tu dizias que eu ficaria ali para sempre.

E eu sentia o "para sempre" a cair-me nos ossos...

 

publicado por Ligeia Noire às 19:41

20
Abr 07

 

Doem-me os olhos…

Acordei de forma abrupta e assustada.

Acho que hoje o medo se apoderou de mim e todos os pequenos e inesperados actos me assombram.

Não me sinto bem e preciso dizer-te.

Não me sinto bem e preciso de ajuda, cada vez tenho mais medo.

Diminuem as noites em que durmo sem me recordar de um pesadelo que me atemoriza até o conseguir diluir em rotina.

Não sei ao certo o que se passa comigo…

E não me consigo ajudar, só pioro as coisas, sinto-me sozinha cá dentro.

Sinto-me abandonada, tenho medo de sufocar, tenho medo de não conseguir suportar.

Sinto falta de alguém que me guarde dentro de si.

Sinto falta daquela amizade inexplicável.

Sinto falta de sonhos.

Sinto falta de coragem.

Sinto falta de concretizar algo por mais pequeno que possa parecer.

Sinto falta de contentamento, de me sentir capaz, considerada.

Gostava que se orgulhassem de mim...

Eles.

 

 

 


publicado por Ligeia Noire às 11:20
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