Sigillum Diaboli
One of the many lyrics' version of Sigillum Diaboli by H.I.M./Uma das muitas variações da letra da Sigillum Diaboli dos H.I.M.
Ainda me lembro quando descobri esta canção no computador da Marijuana mas sabia bem que não era dela, era do garoto que conheci por lá, era mais novo do que eu e tinha os mais belos olhos verdes que já havia contemplado num ser humano, de cabelos negros e pele leitosa, infortúnio o meu ao saber que ele tinha um fraquinho pela loira que chegou uns tempos depois e, nem eu nem a rapariga acima fomos contempladas, apesar dela o assediar constantemente com o seu corpo voluptuoso ao saber da minha paixoneta.
Acabei por me ir afastado, cada vez mais, do lago pardacento e, em verdade te digo, ele era apenas mais uma das minhas deambulações.
Mais tarde vim a aperceber-me de que éramos imiscíveis, que o intimidava e que, afinal, ele era o meu perfeito oposto e, pronto, lá se foi o meu capricho.
Tenho de juntar a Marijuana à lista de coisas de que tenho de falar no futuro, essa rapariga foi responsável pela minha cedência que deu em namoro com o resgatador de rapúnzeis… aliás, aqui há uns tempos ele veio perguntar-me se eu gostava de mulheres e se isso era a causa de a nossa relação ter acabado.
Arlequim chocalha os guizos e salta para o meio da sala.
Nunca percebi muito bem a razão pela qual ela lhe foi contar que se sentia arrependida de não ter ido mais além e que ainda hoje se pudesse não pensaria duas vezes.
Gostava de me desafiar, a pequena, mas dessa sabia eu que não reinava perigo, confesso que se não tivesse ido embora teria provado vienetta comigo e com elas, mas foi e partiu-se ali qualquer coisa.
Ela era diferente da rapariga-que-tem-nome e da de cabelos de trigo, era a popular, toda a gente gostava dela, tinha feições atraentes, mamas pesadas, cabelos lisos e escuros, olhos igualmente escuros.
Não era misteriosa e inesperada como a rapariga-que-tem-nome, nem doce e aventureira como a de olho azul.
Queria imiscuir-se, queria atenção, não era má, era uma menina.
Engraçado ele ter-me querido sondar com isso depois de ter falado com ela, claro, era mais uma esperança, uma decisão mais fácil de aceitar do que o "nunca senti mais do que carinho por ti", ora Supremo... há pessoas que preferem bater com a cabeça só porque sim, é claro que ele nunca conseguiu entender o motivo, é claro que para ele seria mais fácil conceber que eu fosse um carreiro unidireccional, do que carreiro sequer e, por isso, o ter deixado de espada desembainhada e cavalo arfando.
Tive de rir e rindo lhe dei a minha resposta.
Mas ia eu dizendo que, na altura, achava que possuía e conhecia tudo o que os garçons dos mil lagos haviam gravado... ao descobrir esta pérola: brancas e insufladas flores se verteram de mim, mais não me seria pedido, pois claro.
E, não seria de todo insensato da minha parte atestar que, talvez, tenha sido por causa desta música que achei os olhos de lago musgoso e a pele leitosa uma praticável parelha.
Olha que não é assim tão disparatado, são os detalhes, os adornos, as personalidades bordadas que dão forma a pelos enriçados e desejo a lábios molhados.
Houve um jantar lá, acho que não havia pratos que chegassem, tínhamos de fazer pouco barulho porque os senhorios deles moravam por cima e não era permitido meninas por ali.
Juntámos todas as bebidas que eles tinham e com dois copos de shots e palitos fomos trabalhando a roda do destino.
Lembro-me de nos termos escondido debaixo das camas e lembro-me de eles nos acompanharem a casa, estavam pontilhadas estrelas no céu e o de olhos verdes insistia no facto de não estar bêbado, embora lhe fosse bem difícil manter a caminhada alinhada, o rapaz alto parou e sentou-se no banco de uma paragem de autocarro e vomitou, uns querem ser diferentes, bizarros, o nosso amigo era o solitário desde sempre, apesar de o pessoal se meter com ele, acho que só quando veio parar ali se sentiu verdadeiramente acompanhado.
Não me recordo de mais nada dessa noite.
A maior parte das vezes íamos para o monte, um sítio demasiado belo, nocturno e perigoso, o carro era periclitante, nós não tínhamos medo, foi nesse grupo que conheci um rapaz que tem o mesmo nome da flor selvagem, foi ele que me disse que os Audioslave tinham acabado e que me emprestou o Out of Exile.
Andar, andar, rir e andar e beber.
A última vez que saímos, lembro-me de pouco, era aquele bar de véus decorado e jogávamos ao nosso jogo acriançado preferido, foi divertido, éramos nós e a noite e a liberdade.
Haveria muito para dizer mas estou aqui pela música.
You're under pressure baby
Christ has returned, he's returning...