“We are like roses that have never bothered to bloom when we should have bloomed and it is as if the sun has become disgusted with waiting”.

10
Fev 13


Remember when you were young, you shone like the sun.

Shine on you crazy diamond.
Now there's a look in your eyes, like black holes in the sky.
Shine on you crazy diamond.
You were caught on the crossfire of childhood and stardom, 
Blown on the steel breeze.

Come on you target for faraway laughter, 
Come on you stranger, you legend, you martyr, and shine!
You reached for the secret too soon, you cried for the moon.
Shine on you crazy diamond.
Threatened by shadows at night, and exposed in the light.
Shine on you crazy diamond.
Well you wore out your welcome with random precision,
Rode on the steel breeze.

Come on you raver, you seer of visions, 
Come on you painter, you piper, you prisoner, and shine!

 

Lyrics by Pink Floyd/Letra dos Pink Floyd


Não me esqueci deles.

Tenho estado embrenhada em coisas tão díspares e ando a ler, ei ei ei ando a ler.

Gosto muito desta parte um do crazy diamond, a forma como, da atmosfera estrelada saem –aqueles- acordes de guitarra, sou eu com o Mundo...

Shine on you crazy diamond, brilha e brilha.

Sabes, é como as manhãs odiosas de ressaca de bebidas brancas, é involuntário o desejo de água, do oposto, do fresco e calmo.

Pink Floyd são viajantes, são viajados viajantes no tempo.                          

É por isso que a música é tão difícil de explicar, quando fecho os olhos à artificialidade de compromissos, indumentárias que estão em vias de confecção, de histórias livrescas que leio por curiosidade tonta, fecho os olhos a tudo e brilha luzidio por entre a turvada poeira que aqui claudica.

E as cordas da guitarra fazem-me sentir o mesmo que sinto quando inalo álcool etílico mas dura mais, muito mais e dá-me sustento, como se eu me metamorfoseasse da pedra incolor de quartzo e quisesse brilhar tanto quanto um diamante, louca já sou, falta-me a centelha de coragem para brilhar incessantemente.

Amo-te.

Parecendo franco, o dito.

 

publicado por Ligeia Noire às 12:36

02
Mar 12


Já é Sexta-feira e reparo que as coisas se tornam cada vez mais complicadas, como se isso fosse possível.

Pergunto-me se chegarei ao final deste ano.

Disse um adeus rápido para não prolongar conversas embaraçosas e fiquei à espera do autocarro, mais uma vez, sou abordada por um homem que me diz não me ir assaltar, sorrio e digo não o ter acusado de nada e ele retorque dizendo que as pessoas, por causa do seu aspecto, o tomam como um larápio.

Eu volto a sorrir e ele diz que vai ser sincero, está a ressacar e precisa da dose mas faltam-lhe quatro euros.

Digo-lhe que também serei sincera e que apenas tenho uma nota, ele diz que me dá troco, se eu quiser.

E eu quis e fizemos contas.

 Ele não estava à espera e encosta-se ao muro, diz-me que já tentou várias vezes mas que não consegue e eu digo-lhe que imagino o quão difícil deve ser e ele pergunta de onde sou, respondo e ele diz que conhece.

Enumera algumas terras minhas vizinhas e acrescenta que trabalhou na associação x… diz que as pessoas da aldeia não são tão agressivas e arrogantes como as da cidade que, sempre que batia à porta de alguém, não lhes mentia e elas agradeciam a sinceridade, tornando-se seu conhecido.

 Diz-me que foi futebolista profissional que trabalhou no estrangeiro e que ganhava bem e eu acabo a frase dele dizendo o óbvio "depois perdeste-te…" e ele assenta com um sorriso e uns olhos encovados.

Queria encorajá-lo a tentar mais uma vez mas não conseguia lembrar-me de um motivo pelo qual valesse a pena erguer-se, tudo o que lhe poderia dizer só o faria descer, ainda mais, pelo musgo.

Desejei-lhe sorte e sorri, ele prosseguiu o caminho em direcção ao sítio do costume.

publicado por Ligeia Noire às 17:08

03
Ago 11


Shame, such a shame

I think I kind of lost myself again

Day, yesterday

Really should be leaving but I stay

 

Say, say my name

I need a little love to ease the pain

I need a little love to ease the pain

It's easy to remember when it came


'Cause it feels like I've been

I've been here before

 

You are not my savior

But I still don't go


Feels like something

That I've done before


I could fake it

But I still want more 

 

Fade, made to fade

Passion's overrated anyway

 

Say, say my name

I need a little love to ease the pain

 

I need a little love to ease the pain

It's easy to remember when it came

 

'Cause it feels like I've been

I've been here before

 

You are not my savior

But I still don't go,

 

I feel live something

That I've done before

 

I could fake it

But I still want more


Da autoria dos Massive Attack/By Massive Attack

publicado por Ligeia Noire às 02:18

15
Jan 11


Hoje, que já foi ontem e que será amanhã, a noite prossegue sem cessar há três dias.

Doem-me as pálpebras e doem-me os olhos da alma.

Quem me dera nunca ter existido.

Amaldiçoada a nunca deixar de viver, a nunca deixar de morrer, a nunca deixar de estar.

A nunca deixar de fazer parte desta tragédia circular.

Sim, já passei para o nível da demência.

publicado por Ligeia Noire às 06:21

06
Jan 11

 

Não consigo, há dias que estou a tentar mas não consigo.

Maldigo o dia em que voltaste porque, ao vislumbrar-te regressado, já te sabia na partida.

Demoro o tempo de inventar palavras para escrever isto porque precisava abrir um pouco o peito para respirar e está a revelar-se impossível.

Já só consigo fechar os olhos, a minha fome é a de adormecer porque o tempo está a passar, o tempo passa.

Não jaz em ti o pecado, sou eu, só eu.

Desculpas-me?

Não me faço sentido.

Não consigo, há muito, há tanto, há demasiado, dói, detesto.

E sei que enquanto não conseguir esconjurar-te, jamais irás embora.

E a minha fome de mim é tão grande que ainda acresceste aos coágulos.

Só quero que vás, para sempre, para sempre como:

Era uma vez, uma vez, uma e apenas uma, um momento, um tempo, dois fragmentados, e acabou. 

Preciso purgar-me, preciso fazer-me sentido.

Vejo dois atalhos:

-Resignação do acto de esperar pela vida

-Arrasamento massivo e abandono total

E, ó supremo, tu sabes… Vês daí a alma engelhada, negra e porosa?

Encher todos os interstícios com veneno lento e eloquência possessiva, com evasão progressiva.

Euforia de cruz pregada, dores nos pulsos sem vontade de cessar.

Não posso esperar que me tragam as respostas, elas têm de brotar daqui.

De dentro.

E como me custa subir e agarrar-me ao incerto, prevejo-me a renegar.

E tu, pelo qual iniciei este devaneio, tu foste o bode expiatório para a minha conclusão.

Não me dóis realmente, na verdade tu não existes.


Yes, I am alone, but then again I always was

As far back as I can tell, I think maybe it's because...

Because you were never really real to begin with
I just made you up to hurt myself


Foste a minha musa de descoberta do atalho para o desterro.

E só o foste porque eu gosto de ti, muito, e só quero que vás sem regressar jamais porque te sinto demasiado e porque as saudades cortam bocadinhos cada vez maiores.

E gosto de ti porque tu não existes e quero que assim prossiga.

Resta-me esperar pelo dia em que me aflorará toda a imprevidência e toda a coragem para destilar nas veias, a resposta para o desanuviamento.

Já nada me falta, tudo me recomenda.

Vislumbro em sonhos a gota grossa e felpuda a resvalar no copo.

E vai inundar o mundo de dentro e o de fora e eu terei a cabeça vazia e as mãos livres.

publicado por Ligeia Noire às 22:27

27
Dez 10

 

Era uma janela alta.

Era uma floresta escura.

Era um sono induzido.

Era uma queda ininterrupta e rubra. 

 

A dama de paus cerrava os punhos e as unhas cravavam-se-lhe na carne rosada.

A dama de paus era preclara e minha.

As bagas cresciam e desenrolavam-se ao sol, as urtigas ladeavam toda a cercania, a imensidão tolhia-me os passos.

E foi assim, errante, que a encontrei.

Coberta pelo entardecer, adocicada e de faces translúcidas.

A minha dama de paus jazia encoberta de nada e furtiva do alheio.

Recolhi-lhe aos olhos duas gotas e ela espreguiçou-os, senhora escarlate.

Levantou-se como uma folha de Outono ao vento e deu-me a mão de vidro.

Trazia os cabelos envolvidos em grinalda de azeviche e os meus olhos não cessavam de a rasgar.

Seriam pois, carmesim, envergonhariam as framboesas que lhe iam resvalando para a boca.

Onde seria essa câmara dela?

Para onde arrastava ela as vestes?

A minha mão tinha-a, os meus olhos beijavam-lhe os cabelos e derramavam-lhe lírios nos pés.

A grinalda era imensa e o rosto escondia-se de mim.

Era um portão alto.

Era um dia a adormecer de Outono.

Eram sapatos graciosos, a desabrocharem caminho por entre as nozes.

Era a mão dela a prosseguir na minha.

Entrámos e o arvoredo escuro de amoras, bétulas e teixos abarcava-lhe o resguardo.

Ela acendia candelabros e castiçais e movia-se como uma sombra.

A câmara alumiou-se, havia urze branca na janela.

Aproximou-se de mim, deixou cair a obscuridade e vi.

Vi-lhe os olhos de ribeira.

Senti-me crua e impossível e mais ela derramava a alma.

A minha dama de paus estava quebrada e chorava, como se eu estivesse a trespassá-la com uma adaga.

As minhas mãos não sabiam de curas, os meus braços não tinham força que a estancasse.

Ela era dela e eu minha e, no entanto, sabíamo-nos de cor e eu não a conseguia conter.

Desci-lhe as mãos ao peito e abracei-a toda.

As lágrimas dela, tão cheias e incessantes, caíam-me pesadas e quentes no pescoço e, o coração, adensava-se-me ao ouvi-la sibilar de dolência.

Minha menina...

Abri-lhe o cabelo e entrancei-o nos meus dedos.

Provei-lhe o rosto e deitei-a no meu colo.

Segurei-lhe o corpo e a lua foi entrando no céu de veludo.


publicado por Ligeia Noire às 02:10

28
Ago 10

 

Durante as férias li dois livros.

Nada de especial, não fosse o facto, de os andar a tentar ler, há décadas!

No final da leitura fico sempre com a sensação de que o nada é o que importa, de que já tudo foi dito, feito, sentido, perguntado, procurado, cantado, escrito mas não respondido.

Talvez, talvez quando tudo estiver claro perceba o sentido da existência humana.

Sei o que me é caro e o que me prende, de resto tudo se resume a um imenso vazio de coisas que baloiçam.

Daqui.

Dali.

De lá.

Para cá.

Vai.

Vem.

O próximo livro que vou intentar deixou-me imersa, umas boas horas da madrugada, a pensar nas drogas. E atrás delas veio tudo o que cabe nesse saco, o sexo, o amor, a amizade, a arte. Enfim, tudo o que nos suporta a alma. Tudo o que nos aproxima do divino. Todas essas substâncias que nos revelam o perigo, o mundo, a travessia da fronteira.

Tudo o que nos dá prazer é escapismo.

A beleza é a mais casta das suas formas, a mais ambivalente e fértil.

Adornar o corpo, transformá-lo, controlá-lo, oferecê-lo, destruí-lo… As formas primitivas e intuitivas de prazer que derramam essa beleza multiforme nos olhos do espírito.

Quem se quer ver ao espelho?

Quem estará do outro lado?

A tenra sedução da liberdade, do esquecimento, da elevação.

O mundo prossegue mantendo o jardim do Éden, aliás, todo ele é o jardim do Éden.

Uma balança inimitável que alberga o bem e o mal em cada um dos seus pratos, um cabaz encoberto, uma lista de compras.

E o ser humano, na sua multiplicidade de olhos, escolhe o ângulo por onde verá, um só prato.

O Supremo não é múltiplo, é uno e pela sua unidade, não há divisões, tudo é um todo, tudo é pertença a si.

 

Libera me, Domine, de morte aeterna

 

porque tudo o que procuro nesta constante queda é a finitude.

publicado por Ligeia Noire às 03:10

08
Mar 10


Não tenho nada a que aspirar.

O peito transborda do que jamais encontrará receptáculo.

Só preciso de ficar sozinha e imaginar que adormeço sem precedentes.

A minha vida…

O que foi a minha vida?

Qual foi o propósito pelo qual me puseste cá?

Desiludi-te?

Queimei o caminho?

Não tenho ambição.

Não quero ser.

Nunca me falaste da morte em vida.

Nunca me disseste de onde veio toda esta tristeza.

Nunca me mostraste a cara.

Tu que estás, tu que és.

Tu que te desfazes em todos nós, não me deixas ir embora.

Colocas a navalha nas costas para que não possa deitar-me.

Dás-me dores que não consigo carregar.

Mas eu lembro-me bem de ter sonhado contigo.

Não sei se eras como nós, mas sei que tinhas mão e colo… e lembro-me do altar frio onde se achava a minha cabeça na qual a tua mão se depositou.

Não me lembro, ou talvez não me deixes lembrar, se falavas as minhas palavras mas sei que te entendi.

Sei que nesse sonho consegui ir-me.

E, uma vez ida, a tristeza cresceu e cresceu como se eu fosse feita de partidas.

Não me lembro de ter sentido leveza, ou liberdade.

Lembro-me de teres vindo da tua casa, que não é igual às casas, e me teres dito coisas sem palavras mas que o meu íntimo percebeu.

Lembro de me teres concedido o retorno.

Por que fizeste isso?

Esperavas que eu soubesse ser-me?

As palavras são rudimentares, parcas... e eu não me sei dizer o que tu me disseste.

Sei de ter acordado completamente avassalada com a tua presença.

É estranho ter o Supremo tão perto.

Podias ter deixado que eu me enrolasse no teu colo, só um bocadinho, somente um instante para saber o que é ser una.

publicado por Ligeia Noire às 23:07

23
Nov 09


Às vezes sinto-me demasiado suja.

Quanto mais luz existe mais nojo tenho.

A minha pele, o meu cabelo, o meu rosto...

Como se tudo estivesse deteriorado e escamoso.

E, de manhã, tento imaginar que o espelho não está a debochar-me.

A solução adivinhada não é realizável.

E evito que falem comigo quando estou assim tão suja.

E pronto, não há droga que me termine.

publicado por Ligeia Noire às 22:18

06
Mar 08


As tuas mãos, delicadas agonias onde sofro lentamente.

Os teus olhos, portas para a vida eterna que contemplo a cada dia que chega ao meu corpo.


publicado por Ligeia Noire às 15:49

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