“We are like roses that have never bothered to bloom when we should have bloomed and it is as if the sun has become disgusted with waiting”.

23
Dez 12


Não foram assim tão maus aqueles dias, eu era adolescente e não foram assim tão maus aqueles dias mas foi ali que os vi atulhados como inumanos à espera de qualquer coisa.

Repara como ainda mexe os olhos.

Corre, viste?

Tanto melhor, anda vamos, que se foda

Deve ter sido o que me despertou o sonho

Não podia descer.

Estavam todos deitados na relva, todos e eram muitos e eu não os conhecia mas conhecia o edifício no meio do nada.

Catervas.

E fazia um esforço enorme para me juntar e poder subir, pairar, sabes?

Pá, foda-se sempre foi assim mas desta vez custou setenta vezes sete.

Havia qualquer coisa naquelas pessoas que me enojava, não estavam mortas, talvez doentes, qualquer coisa

contagiosa, ou então qualquer coisa pior, qualquer coisa de ofensa.

E eu tentava pairar, mas estava sempre a descer e era o medo.

O que me permitia subir era a concentração, era atar todos os meus pensamentos como um molho de erva

impulsionar o corpo e eles estavam ali e deitados como um tapete gigante de tecido humano.

Davam voltas e voltas de pele contorcionada, fetal pele pela relva.

 

publicado por Ligeia Noire às 13:44
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29
Mai 12


The Virus of Life

 

I can see you but you can't see me

I could touch you and you wouldn't even feel me

Wait a second and you'll settle down

I'm just waiting, 'til you really let your guard down

You're relaxed, you're sublime, you're amazing

You don't even know the danger you're facing

If I'm quiet, I'll slide up behind you

And if you hear me I'll enjoy trying to find you

 

I've been with you all day

I'm trying to stay calm


I'm impatient and it's really hard to breathe

I'm going to empty you and fill you in with me 

 

Just keep the violence down

Not yet - don't make a sound

Oh God I'm feeling it

It's reaching fever pitch

My skin is caving in

My heart is driving out

No mercy, no remorse

Let nature take its course


Watching - Bring me to my knees

waiting - I am your disease

Lover - set my symptom free

Covered - you won't feel a thing

You can't feel a thing

 

(shh, wait, shh, no, wait, wait, no, shh, wait, wait, not yet, no, wait, wait)

 

I'm sweating through my veins

I'm trying to hold on

It's unbearable, it's almost worse for me

I'm going to tear you apart and make you see


Watching - Bring me to my knees

Waiting - I am your disease

Lover - set my symptom free

Covered - you won't feel a thing


This is the virus

The virus of life

This is inside us

The crisis, the knife

This is the virus

The virus of life

This is inside us

The crisis, the knife


It's almost time to play

It's time to be afraid

I can't control the pain

I can't control in vain

Oh God I'm ready now

You're almost ready now

I'm going to love you now

I'm going to break put you down

 

I see you in the dark

I see you all the way

I see you in the light

I see you plain as day

I want to touch your face

I wan to touch your soul

I want to wear your face

I want to burn your soul 

 

Watching - Bring me to my knees

Waiting - I am your disease

Lover - set my symptom free

Covered - You can't love me


This is the virus, the virus of life

 

Lyrics by Slipknot/Letra dos Slipknot

 

 

Post Scriptum: é sempre o segundo momento, o forçado que me atrai, sempre. É linda, não é? Quase que sinto as unhas nas costas. 

 

 

publicado por Ligeia Noire às 21:31
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05
Set 11


Esta frase plantou-se em mim, desde que ouvi a canção pela primeira vez.

Plantou-se para um dia crescer aqui e dar à luz uma revelação qualquer, uma percepção que me estivera vedada tal como o próximo nível de um qualquer jogo.

É preciso retirar as peças, as pedras, para chegar ao miolo, à seiva… porque vedado não significa inexistente.

É a violência novamente.

Há dias e noites (mais noites, na verdade) em que palavras ou mesmo frases cheias, me vêm ter às mãos.

São pequenas e ambíguas.

Conceitos ou obsessões que me descobrem e que preciso de escrever para mais tarde lhes descascar o sentido... o caminho que percorreram até aqui.

Perscrutar-lhes as pernas, rezando, para que tenham trazido rastos agarrados à carne.

 

Quatro e seis.

 

Que se partam contra as pedras de que sou feita.

Eu afiada, gume, lascas, primordial, casca para o mundo, fortaleza que resguarda.

Que resguarda o quê?

Que miolo é este que me leva ao desvario, à idade da decisão sem ter despido a escarpa, sem ter erguido castelo?

Será que serei o que albergo?

Como as palavras se podem confeccionar, dilatar, distorcer e emprenhar sem nunca as fazermos dar à luz.

É como se eu me fosse embrião, é como se nunca tivesse querido sair, como se nem sequer tivesse querido descer.


Eu quero para depois deixar de querer, para matar o vício.


Esta noite tive mais um pesadelo, não quero pôr-lhe palavras.

Não gosto do futuro, pranteio o passado e limito-me ao presente.

Hoje renego-te, ó mundano, como serpente do abismo.

publicado por Ligeia Noire às 02:17
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10
Mai 11

 

I


Palavras feias


Não sabia que ainda me faltavam tantos espancamentos.

Desce lá daí e explica-me as circunstâncias.

Para além da porrada diária, fazes com que os que amo presenciem de camarote almofadado às impossibilidades.

Obrigas-me a ver o esforço deles para me darem a mão, enquanto rasgas e rasgas.

Não consegui, ainda, atingir a dimensão da crueldade.

Como és tu capaz de roubar um sorriso prematuro, um sorriso que tentava habituar-se, ainda, à luz forte da manhã?

Como podes tu, que já não reconheço, ter guardado no bolso uma lâmina nova, uma queda aparatosa, um derrame seco?

A culpa não é minha.

Não venhas bater-me aos neurónios durante a noite porque me sabes inocente, sabes que tentei, sabes que contrariei a minha natureza para estar acima da superfície e tu… tu queres-me morta… morta em vida.

Já violei tudo em mim e no dia em que violar o amor de sangue, vou aí ver-te a cor dos olhos.

 

II  

 

If you come closer, I'll show you how it feels


E espera lá, o que raio foi aquilo?

Por que motivo o acordaste e lhe puseste aquelas palavras, que não sei processar, na boca?

Acordar a flor-selvagem foi idêntico à esponja envinagrada que deram a Cristo quando ele pediu água e eu sei que tu sabes o gosto.

E a ela?

A ela esvaziaste-lhe o peito de mim e da boca saiam coisas triviais.

Acha-me confusa e presa ao círculo por abnegação.

Dás-lhes vidas em que eu estou longe e coberta de neve.

Não gosto disto, não gosto de me encontrar sempre num quarto de paredes brancas e estéreis enquanto morro em cima de lençóis brancos e rosa, como uma árvore no meio da tundra.

E aquela senhora, aquela senhora com quem não falava há anos, apareceu assim, a falar da minha beleza e das saudades e do caminho que não fiz.

Olha para mim!

Por que os fizeste sorrir?

Por que adoçaste o ar?

Às vezes, pareço uma criança esfomeada, cheia de costelas visíveis e de pés desregrados que se cola ao vidro de uma montra cheia de bolos de baunilha, chocolate e chantilly.

Parece que te oiço dizer, sem palavras, que ainda há muita profundidade para alcançar que, por certo, até me deixas ultrapassar o vidro e ter os bolos na boca mas, depois, sentirei nojo, repulsa e tudo me parecerá pequeno e grotesco, visto de dentro.

Por que me dás rosas e caminhos e depois me abres o deserto nos pés?

 

III

 

Now you know how it feels


Há uns tempos, escrevi que tu e todos os que controlas ou que te fazem ou que tu fazes ou o caralho a sete, me preferem desesperada a sepultada.

Ah... não me sabia tão sábia, verdadeira autoridade canónica na arte de descer, cair a pique, sobrevoar o abismo.

E o que prometi vou cumprir, conheço-me como uma mulher de palavra.

Querias que chorasse?

Temos pena, não consigo.

Nem beber consigo, só o sono me assola.

Embora, solenemente, espere uma sede de proporções industriais.

Assim, podes sentar-te na plateia, como os anjos da Ligeia, a ver-me no meio de todas estas palavras imundas de sabor.

Fica tudo mais suicida e dolente.

Não é divertido?

E, como podes adivinhar-me no coração, a raiva nunca é por mim, que sou proscrita, mas pelo que fazes à minha corrente de salvação.

Não há atalho possível sem que por eles não passe.

Espero sim, pela verdade, porque se a culpa é minha, é tua.

Se fiz os buracos aquando da inconsciência, foi com os teus olhos em cima.

Se os fiz em lágrimas, foi na tua casa, até porque não posso continuar aqui sem existires num canto da minha cabeça.

   

Post Scriptum: Pensei em não transpor isto para estes lados porque não sei se ainda faz sentido mas há umas semanas fez e, de alguma forma, ainda faz porque só retirado de dentro e posto à minha frente se torna perceptível. É para isso que escrevo.

publicado por Ligeia Noire às 23:37
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28
Mai 09

 

 

Como uma peça de teatro... entrei a meio.

Perdida de mim.

Não sabia as linhas que te cinzelaram.

Entrei sem guião.

E não soube improvisar.

Saí sem final cor-de-rosa.

Saí porque não pertencia e não tinha sido convidada.

Entrei porque me perdera.

Nem sequer me havia sido dado o papel de reserva, de substituta.

Saí porque não aprendi a diluir.

 

II

 

Não era secundária e a uma incomensurável distância de ser essencial.

Ainda desconheço o que fui.

Como fui manejada.

Por que me abriram a porta?

Por que me permiti entrar?

Como vi a encenação das almas perdidas, o rio dos mortos, as velas sem remos, num caudal de limbo.

Rosas que cresciam em margens podres e alagadas.

Não há memória do barqueiro.

Só me lembro das rosas que brotavam da imundície.

Era a virgindade de linho sobre a turva almofada.

Quem será realmente sublime?

Quem verdadeiramente resplandece?

O alimento que as intensifica de carmesim é podre negro e infecto.

E, a que das entranhas se ergue de pureza virginal, é parasita.

Tem aos seus pés, delgados de ramos e raízes fundas, o tapete de vermes e lama mais cheio de vida e

florescência que algum dia as suas pétalas irão gerar e refulgir.

  

III

 

É, portanto, muito mais sufocante e inimaginável o que lavra no negrume, muito mais vicioso e enleado o que

se dá em alimento, do que o alimentado.

A beleza opiácea que lhe corre nas pétalas é fruto deliberado do mais podre encanto.

  

publicado por Ligeia Noire às 15:26

26
Jan 07

...porque os sulcos que te nascem na pele abrasam-me os olhos e queimam tudo o que dentro guardei.

Cinzas de um corpo que deambula perdido, tão sozinho onde o abandonei…

Abro feridas para me doer, para fechar-te para sempre.

Eterno sofrimento que inflijo e a que me presto.

Pensei tê-lo deixado para trás, este hábito de amar-te mas persegue-me o peito, sempre que o adormeço e guardo.

Será que expressar o que sinto é algo bom?

Será que amansa a dor?

Certezas e palavras não me fazem completa.

Custa ver-te e não te tocar, custa (inexplicavelmente) sentir-te e não te ter, custa sonhar-te e saber que nunca te irei presenciar.

Se à medida que cresço me torno um pouco mais sábia, também aprendi a ver o amor de um prisma completamente diferente do do Mundo.

 

publicado por Ligeia Noire às 11:04
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